Baseado na afirmação de que a obra da Ladeira do Cacau, no bairro de São Caetano, em Salvador, seria entregue no mês de junho de 2015, o repórter Fabrício Cunha foi até o local, na manhã desta terça-feira (30), para verificar a situação e constatou que muitos operários estão trabalhando na conclusão da obra e lembrou que a entrega não aconteceu no mês de novembro do ano passado, conforme prometido para o povo de São Caetano. Segundo relato do repórter há uma mistura de alívio, por ver a obra acontecendo, com preocupação por que a maneira como a obra está sendo feita está sendo contestada pelos moradores do local. A nossa reportagem ouviu os líderes comunitários da região.
SAMUEL NONATO – "a liberação da via é um benefício para o bairro"
A comunidade relata um sentimento de perplexidade. "Uma agônia muito grande, nós não sabemos que dia de fato essa ladeira vai ser inaugurada. Nós sabemos da complexidade, mas nós lideranças não vamos deixar ser inaugurada sem antes tem um diálogo com a prefeitura. Por que nós entendemos que existem várias irregularidades acerca dessa ladeira: a questão da drenagem, das encostas, do alguel social e nós não vamos deixar abrir esta via sem antes um diálogo aberto e franco com quem é de direito, que é o prefeito da cidade".
Samuel também disse que a presença dos líderes comunitários seria justamente para impedir que a via seja aberta, "sem antes sem colocado em pratos limpos o que de fato está acontecendo aqui na Ladeira do Cacau". O líder comunitário completou dizendo que iria forçar o diálogo com a Administração Pública, por que não iria permitir que seja aberta essa via do jeito que se encontra. "Existe um consenso no local de que a liberação da via é um benefício para o bairro, porém a maneira como foi feita essa obra tem causado uma série de preocupações, inclusive com a vida, com risco de morte.
CAMILO – "eu vejo uma tragédia muito maior do que a do Barro Branco"
O líder comunitário destacou alguns pontos importantes para a conclusão da obra. Segundo Camilo, "Eles não colocaram guard rail". Chamando a atenção de que um carro poderá cair sobre a encosta e vítimar alguém. O segundo ponto muito imporante é a drenagem. "onde toda a drenagem da água que bate sobre o talude construído por eles está jogando no fundo de outro talude onde tem várias casas embaixo. Inclusive aonde está sendo construída a moradia popular tem mais de dez caçambas de terra, onde essa terra está descendo sobre o talude com a água de chuva e existe um morro com mais de 25 metros e várias casas e várias famílias". E completou: "eu vejo uma tragédia muito maior do que a do Barro Branco".
Camilo lembrou as mortes no mês de maio, por causa das chuvas, e ainda por cima, disparou contra o Poder Público do Municipal: "A prefeitura continua querendo fazer alguns absurdos como este, nós da comunidade ficamos preocupados". O morador foi enfático ao afirmar que dessa forma o prefeito quer gerar uma outra tragédia "assinando um atestado de óbito coletivo dentro da nossa comunidade. Um atestado de óbito coletivo avisado"
O repórter Fabrício Cunha lembrou que foi feita a manutenção em parte da encosta. O sistema de drenagem está todo sendo jogado para essas casas que ficam embaixo. Do lado da Ladeira do Cacau fica a Baixa do Cacau "que é uma especíe de vale" que fica do lado direito para quem desce a ladeira no sentido Largo do Tanque e há uma prepcupação com essas casas que ficam na embaixo por conta da falta de drenagem
DOMINGOS – "O que nós queremos é uma vistoria com o prefeito aqui"
Lembrando que o assunto já foi discutido várias vezes e não tem sido dada a atenção certa, Domingos chegou a questionar a formação do prefeito de Salvador, chegando a afirmar que ACM Neto "quer dar atestado de óbito para toda a população". Ele citou o atraso da obra por que existiam trabalhadores tirando oito caçambas de barro com baldes, fato comentado pelo nosso repórter ao informar que tudo foi "registrado com foto". Lembrando que não existe o EPI (Equipamentos de Proteção Individual) para o pessoal trabalhar, Domingos disse que fez a denúncia no Sindicato de Engenharia e Arquitetura.
E uma outra coisa que eu quero deixar bem claro aqui é que muita gente desinformada está dizendo que o problema da trafegabilidade do engarrafamento do São Caetano é a Ladeira do Cacau. O engarrafamento começa do fim de linha do São Caetano quando chega próximo ao Largo do Tanque continua até no São Joaquim. O que está precisando é o projeto audacioso dos elevados do Largo do Tanque, os viadutos para jogar da Liberdade, San Martin, Baixa do Fiscal, Viaduto dos Motoristas que não comportam mais. É questão de visão".
"O que nós queremos é uma vistoria com o prefeito aqui, vistoriando com a comunidade, por que engenheiro não está fiscalizando nada aqui. São os nossos impostos. Me respeite pelo amor de Deus", conclamou Domingos.
O repórter da Nova Salvador FM (92,3), lembrou durante a matéria que a liberação da ladeira (Cacau) é uma vontade do povo de São Caetano, que se transformou em um sonho a partir do momento que se passaram quatro anos, mas a prepocupação é de fato com a forma com que está sendo feita a conclusão dessa obra.
ROGÉRIO – Eles chegam no bairro como São Caetano e querem fazer a obra 'meia-boca'
Lembrando que a liberação da Ladeira do Cacau é uma vitória não só para o bairro de São Caetano mas para todos os bairros adjacentes. Rogério disse que "é uma luta nossa da comunidade, mas a gente não entende qual é a visão social que o prefeito de Salvador tem para a periferia." Confirmando que a prefeitura sabe que existe sim, a comunidade da Baixa do Cacau, o líder comunitário afirmou que "existe uma irresponsabilidade por parte da gestão de não pensar em fazer a drenagem de água justamente escorrendo para que não venha cair no barranco da Baixa do Cacau"
Ele também lembrou das dez unidades habitacionais as quais o aluguel social está atrasado, citando previsões que recebeu: "primeiro era para o dia 12, depois para o dia 20. Lembrado por Fabrício Cunha que havia uma promessa de auxílio para que por enquanto eles ficassem em outro local, Rogério disse: "Aconteceu só promessa. Eles fazem o repasse do aluguel social de R$300,00 reais que não dá para alugar uma casa que de fato seja acomodada para uma família de periferia, que são famílias grandes" ressaltando que a preocupação do prefeito de Salvador é fazer os investimentos de R$44 milhões no Rio Vermelho, de R$60 milhões na Barra "e quando trata de bairro períférico como São Caetano o investimento é pequeno. É um investimento de R$6 milhões".
Lembrando que o que a comunidade quer, por parte da gestão municipal de Salvador, é que de fato seja feito um projeto social para os moradores da Baixa da Ladeira do Cacau, sobretudo para os moradores das dez familias que foram retiradas pela Prefeitura Municipal de Salvador para o aluguel social, Rogério questiona: "Será que a intenção desse prefeito é justamente prejudicar os bairros periféricos, por que todas as vezes que nós vemos no noticiário na Rádio Nova Salvador FM é justamente sobre problemas na periferia".
Então, o que acontece é uma inversão de valores. Eles chegam no bairro como São Caetano e querem fazer a obra 'meia-boca' do jeito que eles pensam que ter que ser feito e não discutindo com as lideranças. Todas as vezes que tem a visita do prefeito aqui vem diversos vereadores da base aliada do prefeito, mas para fiscalizar o executivo que é o papel do legislativo eles não fazem", afirmou ou lider.
E cobrou um posicionamento dos vereadores: "Eu não entendo por que a Câmara Municipal de Salvador não se pronunciou quanto a essa situação, quando tivemos aqui a visita do presidente da Comissão de Urbanismo da CMS e nós não tivemos resultado de coisa alguma". "Se existir uma tragédia na Ladeira do Cacau, que é uma tragédia assistida, responsabilidade também da Câmara Municipal de Salvador, da Prefeitura Municipal de Salvador.", concluiu.
Rogério concluiu dizendo que a Rádio Nova Salvador FM é de grande importância, "onde também tem o DNA dessa obra aqui. Eu conto com vocês, uma vez que nós estamos entendendo que não estamos contando com a Câmara Municipal de Salvador e tão pouco com a boa vontade da gestão (municipal)".