Bahia

Mães que inspiram: baianas relatam os principais desafios e aprendizados para criar os filhos sozinhas

O Portal Salvador FM conversou com com Sandla Wilma, mãe de Camilla Barros, e Leninha Sacramento, mãe de Hamã, de 13 anos, um menino com transtorno do espectro autista

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Assumir integralmente as responsabilidades da criação de um filho, não é fácil. Dinheiro, educação, criação, rede de apoio, são questões para as mães solo. O Portal Salvador FM conversou com com Sandla Wilma, mãe de Camilla Barros, e Leninha Sacramento, mãe de Hamã, de 13 anos, um menino com transtorno do espectro autista, com quem aprendeu a lidar com as frustrações e alegrias da maternidade.

“Desde que eu soube que lidaria sozinha com o meu filho, tirei o peso desse desafio, de ser a maior carga da minha vida. Fui vivendo um dia após o outro e aprendendo a administrar. Tinha na minha cabeça, que apesar de ter apoio, o filho era meu e eu que tinha que cuidar. E busquei organizar isso em mim mesma, que se tivesse que me privar de tudo, faria”, explica Leninha, que se tornou mãe solo após se separar do ex-marido, quando seu filho tinha apenas 1 ano e 4 meses.

Já para Sandla, o processo foi diferente. Com um breve relacionamento, descobriu a gravidez aos três meses. Ao contar para o pai da filha, entendeu que assumiria as responsabilidades e seguiu firme na decisão de criar sua filha da melhor forma possível. Com uma família tradicional, que embarcou junto como rede de apoio, criou Camilla, hoje com 37 anos e pesquisadora na França.

“Uma coisa que eu não gosto é quando falam que sou pãe, eu sou mãe. Sempre fiz questão de reafirmar que não quero fazer esse papel, queria ser a melhor mãe que eu pudesse ser. O lugar do pai dela está aí”, diz.

Leninha lamenta que seu filho não tenha o laço afetivo que teve com seu pai, figura masculina de referência para Hamã. Sobre um novo relacionamento, ela acredita que só entra em sua vida, quem entenda e queira fazer parte do processo.

“Já fui questionada de como conseguiria alguém para estar ao meu lado com um filho especial e sendo solo. Para alguém entrar na minha vida, tem que entender sobre minhas condições, e tudo que lido na minha vida”, pontua.

Já Sandla, acredita que sua filha naturalizou a falta da figura paterna. “Camilla nasceu sem contato com o pai, o que se tornou natural para ela. O normal dela era uma casa sem o pai dela, nunca houve essa cobrança por parte dela”, completou.

Em meio aos desafios e aprendizados, as histórias de Sandla e Leninha estão distantes de ser casos isolados já que elas estão entre as mais de 11 milhões de mães solo no Brasi, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, no terceiro trimestre de 2020, 8,5 milhões de mulheres tinham deixado o mercado de trabalho em comparação ao mesmo período anterior.