Bahia

Loja Reserva é acusada de racismo após utilizar manequim negro representando assalto; movimento repudia

Yuri Silva, representante do Coletivo de Entidades Negras, repudiou a ação e confirmou que medidas judiciais serão tomadas em conjunto, para punir a ação criminosa, de cunho racista

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A loja de roupas Reserva do shopping Barra, na capital baiana, está sendo acusada de racismo, após colocar um manequim negro em posição de assalto à loja. De acordo com um leitor do Portal Salvador FM, a loja fere aspectos morais ao colocar manequins de cor clara dentro da loja, e o de cor preta neste local.

Segundo ele, a loja explica que a ação de marketing é uma forma de representar assaltos que aconteceram no Rio de Janeiro, onde a loja tem sede. Já alguns vendedores, alegam que seria um ato de liquidação dos produtos.

Yuri Silva, representante do Coletivo de Entidades Negras (CEN), repudiou a ação e confirmou que medidas judiciais serão tomadas em conjunto, para punir a ação criminosa, de cunho racista. 

“Em tese, é uma imagem que reproduz esteriótipos racistas, a opção da loja de usar o manequim negro, ainda que com roupas da marca, quebrando a loja, em posição de assalto, ressalta a posição dos negros como autores de atos criminosos. Remonta o histórico social que a gente vive no cotidiano e o racismo científico”, explicou. Racismo científico ou racismo biológico é a crença pseudocientífica de que existem evidências empíricas que apoiam ou justificam o racismo ou a inferioridade ou superioridade racial.

Silva ainda apontou a necessidade de um posicionamento da marca, que tem grandes nomes como acionistas, citando Luciano Huck, sócio da empresa desde 2009. “É muito importante que a Reserva se posicione para entender qual a ideia de reproduzir o ato. Mesmo sendo um ato falho, é um ato que reproduz racismo. Estamos avaliando o caso, junto ao setor jurídico, para ver o que pode ser feito de forma coletivo”, finalizou sua fala ao site.

O advogado que representa o CEN, Marcos Alan, afirma que o grupo realizará um estudo sobre o caso isolado, e pretende enviar uma notificação ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) para que medidas legais sejam tomadas.

“Estamos fazendo um estudo sobre o caso, verifico ali um caso isolado de racismo. O racismo é aquilo que toca ao negro de forma ruim, o não negro não consegue sentir o mal que aquilo causa em uma pessoa negra ao ver uma cena dessas. E vamos agir com uma ação para reparação, mesmo que de forma difusa. Vamos encaminhar uma notificação ao Ministério Público”, pontuou.

Ao Portal Salvador FM a assessoria da loja Reserva encaminhou um comunicado, informando que a intenção da vitrine “Loucuras pela Reserva” nunca foi de disseminar ideias racistas, e afirmou que ela será desmontada o mais breve possível. Confira a nota completa:

“Nota Reserva

A vitrine “Loucuras pela Reserva” com o boneco entrando pela parte de fora da vitrine (o mesmo sempre usado normalmente do lado de dentro da vitrine) jamais teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas e sim de somente divulgar a liquidação da marca.

No entanto, se mesmo sem intenção, a vitrine ofendeu a alguém comunicamos aqui que ela será imediatamente desmontada. 

Acreditamos na empatia como única forma de viver em sociedade e repudiamos o racismo em todas as suas formas de expressão. 

A diversidade e inclusão são valores essenciais de nossa marca”

A assessoria do Shopping Barra não quis se manifestar.