"Tenha fé porque até no lixão nasce flor". Os versos de Vida Loka, dos Racionais MC's, já se tornaram até clichê de tão utilizados. Mas isso não o torna menos real. Na última sexta-feira (17), o projeto Ponto Verde chegou à Rua Almeida Brandão, no bairro de Plataforma, para materializar essas letras e levar vida a um local onde antes havia apenas o descarte irregular de resíduos como entulho e lixo.
Foi o décimo bairro atendido pelo projeto, que é uma iniciativa da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb). Além de Plataforma, o Ponto Verde passou por Santa Cruz, Pirajá, Ondina, Capelinha de São Caetano, Amaralina, Liberdade, Pau da Lima, Praia Grande e São Cristóvão. O funcionamento é simples: uma parceria com a comunidade para transformar os famosos lixões a céu aberto em um espaço vivo, bonito e útil.
Na ladeira da rua Almeida Brandão, por exemplo, o espaço que era tomado de lixo deu lugar a várias jardineiras com mudas que vão crescer e virar árvores para tornar o local mais bonito e agradável.
Presidente da Limpurb, Leonardo Oliveira aponta que já foram 66 pontos de descarte irregular extintos pela empresa só em 2020 e que além de tudo é uma maneira de estreitar laços entre o poder público e a comunidade.
“Atuamos esses espaços onde há cultura de despejar resíduos da construção civil, o famoso entulho, e o lixo doméstico, e transformamos em área verde. Fazemos toda a limpeza, conversamos com a população e iniciamos o projeto. A comunidade transforma o espaço junto com nossos agentes. A população se apropria do espaço e vira também agente fiscalizador”, frisa.
A arquiteta Gabriela Costa aponta que o diálogo com a comunidade local é de suma importância em qualquer tipo de intervenção que se faça na cidade e que esse tipo de parceria é importante para que a construção seja valorizada, cuidada e utilizada por quem mora no lugar.
Morador de Plataforma, Alcindo Santana diz que a Rua Almeida Brandão é uma das mais bonitas de Salvador e comemora que o espaço tenha passado por revitalização. "Essa vista que a gente tem aqui tem que ter é espaço para natureza, não pra encher de lixo. Eu espero que seja preservado", diz o idoso de 70 anos.
Gabriela diz que a revitalização em conjunto com a comunidade quebra o que apelidou do ciclo do mal, que é o de jogar lixo e entulho na rua de forma irregular, e cria um outro ciclo, este do bem. "Se a Prefeitura consegue fazer um projeto que as pessoas abracem e se sintam abraçadas elas vão valorizar o local e cuidar", aponta.
Onde estiver, e seja lá como for, com fé e participação qualquer espaço deixa de ser lixão e dá espaço a flores, árvores e revitalização.
Reprodução: Correio 24 horas
da Redação do LD