Bahia

Hospital Materno-Infantil estrutura atendimento especializado à população indígena do sul da Bahia

Uma equipe técnica do hospital já trabalha na construção do Plano de Ação que visa atender mulheres gestantes de alto risco, bebês e crianças destas comunidades da região

Camila Souza/GOVBA
Camila Souza/GOVBA

O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, deu início a fase para credenciamento do Serviço de Atenção Especializada à Saúde Indígena do sul da Bahia junto ao Ministério da Saúde. Uma equipe técnica do hospital já trabalha na construção do Plano de Ação que visa atender mulheres gestantes de alto risco, bebês e crianças destas comunidades da região. 

Na última quinta-feira (9), diretoras do hospital estiveram reunidas com representantes da etnia Tupinambá, de Olivença, da Secretaria de Atenção Indígena (SESAI), órgão do Ministério da Saúde que se responsabiliza pela habilitação dos hospitais para atendimento de população indígena, e integrantes da Divisão de Atenção à Saúde Indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia, que tem sede em Salvador e que cuida de todos os povos em território estadual. 

A região de Ilhéus possui uma população indígena estimada em 8 mil habitantes. E o Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, a única maternidade 100% SUS no sul da Bahia, se prepara para ser, também, um lugar de acolhimento e atendimento à comunidade indígena, oferecendo um cuidado com práticas interculturais, respeitando a tradição dos povos indígenas. 

“O que queremos é que elas se sintam mais seguras, fortalecidas estando aqui. A cura não vem só da internação e do remédio. Vem, também, de quando você fortalece sua própria identidade. E muitas vezes tudo o que te cerca, todo esse cuidado, também contribui com a cura de uma criança ou de uma mulher grávida”, explica a diretora médica da instituição, doutora Esther Vilela. 

Este encontro com representações de etnias e de instituições que representam as comunidades, tem o objetivo de identificar e conhecer melhor as práticas dos povos e atendê-los.

A proposta é de composição de quartos temáticos, com alusão aos utensílios próprios, as coisas que são da cultura indigenista. O projeto perpassa ainda pela capacitação de uma equipe multidisciplinar que pense melhor desde a forma de acolhimento até a alimentação. 

Parto Seguro

As diretoras da unidade hospitalar explicam que a proposta do projeto não é atrair para o hospital as mulheres indígenas fortes, saudáveis, que podem parir em seu próprio ambiente comunitário, social. Mas oferecer condições humanizadas, respeitando as características culturais de um povo, às mulheres que precisam de um parto hospitalar. 

“A gente tem que fortalecer o parto domiciliar nas culturas onde isso ainda é forte. E quando ele é planejado, quando está dentro das boas condições, ele também pode ser seguro”, afirma a médica Esther Vilela. Para isso, a equipe técnica do hospital vai dialogar com as parteiras indígenas. “Temos que sair dos muros do hospital. O que precisamos é ser retaguarda em necessidade de transferência e para as que precisarem de um cuidado hospitalar, que também elas tenham esse conforto e essa adequação”, explica Távila Guimarães, chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena na Bahia.

Segundo os técnicos que visitaram o hospital materno-infantil, a proposta é que com a habilitação deste serviço especializado, o HMIJS seja inserido no programa federal de Incentivo para Atenção à População Indígena (IAPI), que visa adaptar o hospital para questões culturais e práticas compartilhadas de cuidado.