O historiador e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), comentou nesta quinta-feira (2), em entrevista à Rádio Metrópole, sobre as homenagens no 2 de julho, para as mulheres que foram importantes na Independência da Bahia. “Sem dúvida eu achei muito interessante o fato de terem homenageado as mulheres. A questão é pautar o tema. Todo mundo conhece mais pelo fato de ter sido homenageado, porque alguém pautou o tema. Por isso eu acho que, de certa forma, nos últimos anos elas vêm aparecendo.”
Borges explicou o significado das guerreiras que foram símbolo na conquista baiana. “Maria Quitéria é muito conhecida, entrou pra história não só pelo fato de estar no campo de batalha, que é uma coisa completamente incomum para uma mulher, da forma como foi, em segredo, vestindo as roupa do cunhado. Mas eu a vejo como a representa de um sentimento masculino.”
O professor contou, que naquela época, apenas os homens estavam com a vontade de conquistar a Independência. “As mulheres estavam em casa, alienadas, não pensavam nisso. E Quitéria representa um pouco disso. Foi quem ousou e não estava alienada em casa”, relatou.
Outra mulher que desempenhou um papel importante neste processo, foi Maria Felipa, que segundo o historiador, não é muito conhecida. “No caso da Maria Felipa é mais complicado falar. É uma memoria. Uma história oral. E como aconteceu há muito tempo, no meio do caminho vai se transformando a partir de quem está no poder e vai dando significado a ela”, contou o professor.
"Maria Felipa era uma negra que liderou uma série de mulheres que seduziram os portugueses, fizeram com que eles ficassem "embreagados" e depois deram uma surra de cansanção [vegetal que provoca urtiga e sensação de queimadura ao toque com a pele] neles. Depois ela queimou as embarcações deles. Foi uma pequena batalha pontual no dia 7 de janeiro de 1823, na Ilha de Itaparica, mas que resultou em uma queda no número de soldados da tropa portuguesa", completou Borges.
Por fim, entre as três mulheres que foram símbolo da conquista de 2 de julho, tem Joana Angélica, que foi morta ao tentar evitar a entrada dos portugueses no Convento da Lapa. “Joana Angélica era uma religiosa que entrou pra história de maneira trágica. Ela se destacou pela sua coragem em enfrentar os portugueses, tentando impedir a entrada deles no convento, onde estavam escondidos os rebelados. A Joana é de certa forma muito conhecida, tanto que virou até nome de rua”, concluiu.
Foto: Reprodução/Metropress