A Secretaria da Educação da Bahia anunciou o fechamento de algumas escolas estaduais do ensino fundamental. Além de Salvador, Feira de Santana, que fica a cerca de 100 km da capital, e Itabuna, no sul do estado, entre outras cidades, terão unidades afetadas. Os estudantes serão transferidos.
Ainda não há o número exato de quantas escolas serão fechadas. Algumas delas passarão a ser responsabilidade das prefeituras, como prevê as Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Segundo a Secretaria da Educação, as mudanças fazem parte de um reordenamento da rede.
"O reordenamento da rede escolar inclui a desobrigação do sistema estadual com prédios inadequados, mesmo que alugados, e a realocação dos estudantes para nossos prédios próprios", falou o subsecretário da Educação Nildon Pitombo.
Contudo, os alunos das unidades que já foram comunicadas estão preocupados. Entre eles, está o estudante Almir Gonçalves, que é cego e estuda no Centro Estadual de Educação Magalhães Neto (Cea), na capital baiana.
"Estudando aqui, a gente já sabe de manhã pra onde vem, já sabemos o professor que nós temos, ele já conhece a gente, as nossas dificuldades", contou Almir.
Além dele, dona Esterlícia Pinto também teme a mudança. "Depois de 55 anos sem estudar, senti a necessidade de me atualizar no mundo moderno e resolvi estudar. Cheguei aqui, fui muito bem recebida. Os professores são extraordinários no metódo de ensino, e eu me adaptei rapidamente. Para mim, seria muito difícil uma readaptação", disse dona Esterlícia.
O fechamento do Cea foi comunicado no dia 13 de novembro. Segundo a Secretaria da Educação, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) disse que o local é inadequado para uma escola. Contudo, a coordenadora da unidade, Lúcia Campos, discorda.
"Não tem problema na escola. A gente sempre está nos reunindo e indo, indo. Mesmo sem muitos recursos, a gente tenta levar ela à frente", falou.
Já em Itabuna e em Feira de Santana, estudantes fizeram manifestações nas portas das escolas nesta terça-feira (20).
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) discorda das mudanças estimadas pelo governo.
"Os municípios basicamente estão sem um tostão. Então, você repassar uma responsabilidade do tamanho que é o ensino fundamental completo para os municípios, sem dinheiro, sem suporte, é jogar a educação na lata do lixo. Então, a gente quer discutir responsabilidade", contou.
De acordo com o subsecretário da Educação, Nildon Pitombo, caso as prefeituras não tenham como administrar as escolas, o estado irá assumir os cuidados novamente.
"Se o município disser que não tem condição de fazer com que acolha a municipalização, o estado manterá a oferta normalmente, sem nenhum prejuízo para as famílias, para os estudantes e para os gestores", falou.
G1 // AO