Bahia

Expedição encontra mais de 170 grupos de baleias jubartes na costa baiana

Acompanhamento foi encerrado no fim de setembro e aponta para um aumento no número de animais

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Foram 26 dias de navegação, mais de 800 milhas náuticas navegadas (cerca de 1.450 km) e 173 grupos de baleias avistados. Com esse resultado foi encerrada, na última semana de setembro, a “Expedição Entre Baleias e Golfinhos 2020 – Praia do Forte a Vitória”, realizada pelo Projeto Baleia Jubarte. O objetivo da viagem foi registrar os animais em seu ambiente de reprodução natural no país. 

É justamente o ciclo de reprodução das baleias que determina a data da expedição. As jubartes estão no litoral baiano entre o inverno e a primavera, quando vêm da região antártica para acasalar. Os animais se mantêm em águas brasileiras até o nascimento dos filhotes e pelo período de amamentação. Como foi alvo de caça indiscriminada desde a época do Brasil Colônia, a espécie já chegou a estar à beira da extinção. A caça foi proibida na metade do século XX e, desde 1988, o Instituto Baleia Jubarte atua na área.  

A viagem deste ano foi mais um esforço para entender o comportamento das baleias nesta temporada atípica, de pandemia, durante a qual a atividade econômica diminuiu e, com ela, a presença humana nos mares.

“As baleias jubartes estão retomando sua distribuição original ao longo da costa brasileira e, com isso, aumentam as interações com atividades humanas no mar, o que pode ameaçar a espécie de diversas maneiras, desde colisões com navios a emalhamento em redes de pesca. Nosso papel é buscar entender esses riscos e como reduzi-los, para assegurar que a espécie sobreviva e prospere nas nossas águas”, explica o coordenador da expedição Enrico Marcovaldi.

Segundo ele, os resultados colhidos ainda serão analisados, mas já é possível apontar uma visível diminuição da navegação e a reduzida presença de redes de pesca na região. 

Para os estudiosos, a mudança é positiva para os animais e deve ser, inclusive, razão para o alto número de baleias avistadas no caminho entre Praia do Forte, na Bahia, e Vitória no Espírito Santo. Das 460 baleias vistas, 97 eram filhotes, o que, para os profissionais, mostra o sucesso da temporada reprodutiva, principalmente na região do Banco dos Abrolhos, no sul do estado, que é a principal área de concentração das jubartes no Brasil. 

Além de muitos registros em vídeo e fotos do comportamento dos animais, a expedição serviu para catalogar informações necessárias ao estudo da espécie.  Foram realizadas 107 foto-identificações individuais, usando o padrão de coloração da cauda das jubartes para catalogar cada uma delas; 25 biópsias para análise genética e de poluentes; e 61 medições de tamanho dos animais através de fotogrametria. Também foram realizadas diversas gravações do canto dos machos, característicos da espécie e que mudam anualmente.

Turismo

Além de sua importância biológica, as jubartes ainda ajudam a gerar o chamado turismo de observação, atividade forte em algumas comunidades ao longo da costa. A expedição também vistou  os locais que tiveram o turismo prejudicado por conta da pandemia. “O turismo voltado às baleias-jubarte já é um grande gerador de emprego e renda em várias localidades, e nossa missão está sendo entender os efeitos da pandemia nas empresas e colaboradores e apoiar os operadores para a retomada segura e sustentável das atividades o quanto antes”, diz o biologo Sérgio Cipolotti que coordena o tema do turismo de observação dentro do Projeto Baleia Jubarte. 

Para os especialistas, apesar do impacto da pandemia na atividade, tudo aponta para uma regularização no próximo ano, justamente pelo incremento na população de animais “Para nós é uma imensa satisfação constatar que nossos esforços de mais de três décadas pela proteção das baleias e do seu ambiente, através do Projeto Baleia Jubarte, continuam dando frutos, na forma palpável dessa grande quantidade de filhotes”, acrescentou Marcovaldi. 

A Expedição também terá como produto adicional, a ser lançado em breve, um documentário apresentando informações sobre o trabalho de pesquisa, a situação do turismo de observação e as perspectivas com o aumento da população de jubartes, tendo como pano de fundo as imagens captadas pela equipe do Projeto durante o trabalho de campo.

 

Reprodução: Correio 24 horas

da Redação do LD