Integrantes do projeto Praia Linda é Praia Limpa, denunciaram a situação de descaso do Parque Costa Azul. De acordo com os participantes do projeto social, a situação de descarte irregular de resíduos no rio que atravessa o Parque Costa Azul, o Camarajipe, é um problema a ser enfrentado pelos órgãos estaduais e municipais.
Em conversa com o Portal Salvador FM, a estudante do curso técnico de logística no Colégio Estadual Thales de Azevedo, Lícia Souza, explicou que os catadores de materiais recicláveis, recolhem os lixos dos condomínios, dos colégios e comércios no entorno do parque e levam para o local, onde fazem a separação e o descarte no rio.
Para ela, o odor forte na região acaba por atrapalhar a concentração e as aulas no colégio. “Muito mau cheiro, isso tem causado muitos transtornos”, destacou a estudante, que pontuou ainda a ausência de fiscalização no local.
Durante as ações do projeto Praia Linda é Praia Limpa, que acontece semestralmente na praia de Jardim de Alah, às margens do rio Camarajipe e do Parque Costa Azul, estudantes notaram que os catadores recolhem alguns resíduos, reaproveitam e descartam os demais no rio.
“Eles selecionam o que consideram viável, o que não descartam no rio. E fazem do lugar uma moradia também. Esse material jogado no rio automaticamente é destinado para as praias”, contou o professor e idealizador do projeto, Ramon Duran.
Segundo ele, o local antes funcionava como um viveiro para o parque, mas com o fim do projeto, ficou a construção do local, que hoje é onde os catadores hoje fazem a separação dos materiais.
A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), esclareceu que a situação ocorre em uma “área que não está dentro da poligonal do parque que é de sua responsabilidade”. Questionado pelo portal, a Conder disse ter ciência da situação dos moradores e que, diante da situação, encaminhou um ofício nos meses de Fevereiro e Março deste ano para a Secretária Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para pedir que as famílias sejam conduzidas para um local adequado.
"Cuidamos da região do parque, ao fazer a manutenção do parque, percebemos essas famílias e, apesar de não termos responsabilidade, ao verificarmos, mantivemos contato. A gerência do parque encaminhou um ofício para pedir que medidas fossem adotadas”, pontuou o órgão.
A Sempre esclareceu o recebimento do ofício pela Conder, e destacou que realizou uma ação de identificação e orientação dessas pessoas. O órgão informou ainda que enviou um relatório das ações para a Conder. “O Serviço Especializado em Abordagem Social – SEAS adotou providências para identificação das pessoas vivendo em situação de rua e risco social no Parque Costa Azul, no antigo viveiro de plantas, orientando-os com relação ao acesso aos serviços socioassistenciais disponibilizados pelo Município de Salvador”.
Em contato com a Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman), o órgão pontuou que realiza a limpeza dos córregos e dos canais da capital baiana, para fazer a restituição do fluxo hidráulico e não causar alagamentos na cidade. “Não faz parte do escopo da secretaria atos de fiscalização e autuação relacionadas ao descarte irregular de lixo, que assim como as construções irregulares e ligações clandestinas de esgotamento sanitário, prejudicam a fluidez dos canais, gerando estrangulamentos, retenções e transbordamentos. A associação destes fatos convertem essas ocorrências em graves problemas socioambientais”, destacou a Seman.
Sujeira
A Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), responsável pela limpeza das ruas, informou que a limpeza do parque não está sob responsabilidade do órgão municipal. “ a referida área pertence a Conder e, por tanto, a manutenção e limpeza é de competência do estado. Ainda assim, a Limpurb também está atenta à situação e, a fim de evitar o acúmulo de resíduos no local, é deslocado periodicamente equipes para manter o espaço limpo”.
Conforme a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), o odor característico da região do rio, é causado pela retenção da água de chuva junto a sujeira das ruas e com o esgoto clandestino. “A retenção de água de chuva com a sujeira das ruas e com o esgoto clandestino proveniente de imóveis que não estão devidamente ligados à rede pública coletora local e lançam esgoto na rede pública de drenagem de água de chuva. A ligação do esgoto do imóvel à rede pública coletora é uma obrigação do morador ou proprietário do imóvel”, sinalizou.
Sobre o descarte do lixo no local, a Embasa manifestou que a gestão desses resíduos está sob responsabilidade das prefeituras municipais.
Projeto Praia Linda é Praia Limpa
Criado em 2014, o projeto discute o descarte irregular de resíduos sólidos na praia e as suas consequências. As ações acontecem semestralmente na praia de Jardim Alah, na Orla da Armação, onde os alunos são convidados a participar da ação de conscientização pela preservação da praia.