Uma escola de Japu, na zona rural de Ilhéus, no sul da Bahia, que funciona há 20 anos em um barraco emprestado pela Associação de Agricultores da região, foi interditada pela Secretaria de Educação do Município na quinta-feira (18). No local não há banheiro, o teto está quebrado e não há água encanada. De acordo com a Secretaria de Educação da cidade, das 119 unidades de ensino do município, 60 apresentam problemas de infraestrutura e deveriam até ser interditadas.
A escola ficou conhecida após uma reportagem do Fantástico sobre fraudes na gestão municipal de 2009 a 2016, que acabaram atingindo a Secretaria de Educação da cidade do sul da Bahia. As unidades de ensino já chegaram a receber carne estragada para oferecer aos alunos. Contudo, o alimento não chegou a ser distribuído para as crianças porque o Ministério Público da Bahia (MP-BA) descobriu o ato criminoso. Toda a ação foi montada por uma organização criminosa que fraudava licitações em lhéus, e foi alvo da Operação Citrus, deflagrada em março deste ano.
Além da escola que funciona em um barraco, outras unidades de ensino de Japu sofrem com a falta de infraestrutra. Algumas escolas não têm energia elétrica, água encanada e merenda escolar. Em outro colégio, não tem luz há 15 anos.
A secretária da pasta, Eliane Oliveira, disse que foi feito um levantamento para saber as escolas com problemas para definir as ações de melhorias. Ela informou ainda que uma licitação para reforma e construção está em andamento.
Enquanto isso, os alunos e professores continuam enfrentando os problemas de infraestrutura. "Nós emprestamos [o barraco] enquanto o município providenciava uma sala de aula para os alunos. Ao longo de 20 anos, os prefeitos que passaram por aqui nada fizeram”, disse o agricultor Domingos Miguel Dias.
A professora da escola que funciona no barraco revelou que por conta dos problemas de infraestrutura da unidade, a evasão dos alunos é grande. “A frequência muito baixa. Eu chego aqui debaixo de chuva e quando chego só tem um aluno”, relatou a professora Edilene Almeida.
A prefeitura ainda não escolheu um novo lugar para funcionamento da escola, e por isso, os alunos estão sem aulas. "Suspendemos a aula. Estamos procurando um espaço para alugar. O espaço que encontrarmos ali, que seja melhor e adequado para as crianças será alugado”, disse a secretarária Eliane Oliveira.
Em outra unidade de ensino de Japu, os alunos e professores enfrentam a falta de energia elétrica. Apesar de ter um poste ao lado da escola, não tem energia na unidade há 15 anos. “A gente fica desestimulada”, destaca a professora Adriana Menezes.
Nessa outra escola não tem água encanada, não tem pia e a água usada para limpeza e nas descargas, é recolhida em represas da região. A água é armazenada em garrafas de plástico.
Já na escola Isaías Afonso de Carvalho, também no distrito do Japu, o problema é a falta merenda. “A gente se vira. Faz um lanchinho”, revelou a mãe de uma das estudantes, a dona de casa Mara Souza. Na escola, os armários de armazenamento da comida estão vazios, assim como a geladeira.
Sobre a falta de merenda, a secretaria informou que a distribuição começou a ser feita, aos poucos, desde quarta-feira (17).
Reprodução/G1