A reunião realizada entre os professores das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) e o governo, nesta quinta-feira (18), em Salvador, foi mais uma demonstração de descaso e falta de disposição para negociar por parte dos representantes do governador Rui Costa. Após atrasarem uma hora o início da reunião sem nenhuma explicação, impediram que o reitor da Uefs Evandro do Nascimento, participasse da mesa de negociação. Além disso, ainda não apresentaram concretamente a proposta sobre o déficit no quadro de vagas docente das Ueba, e nem uma contraproposta a minuta de substituição da Lei 7176/97. Forte na luta, o Movimento Docente exige documento com resposta do governo à pauta 2015, segue intensificando as mobilizações e reivindicará nova reunião o mais breve possível.
Para a reunião desta quinta-feira, (18), a expectativa do Movimento Docente era que o governo trouxesse uma proposta concreta, que constasse o número de vagas que os gestores pretendem disponibilizar para a alteração do quadro atual, das promoções. Ainda era aguardada uma contraproposta aos outros pontos da pauta de reivindicações, que até o momento o governo se nega a negociar. Inicialmente a proposta do governo foi apenas 20 vagas para cada uma das quatro universidades, o que contempla apenas pequena parcela dos professores, não resolve o problema e desrespeita a categoria. Na realidade, para a mesa de negociação de ontem, o que os representantes de Rui Costa apresentaram foi a falta de interesse, mãos e discursos vazios.
O Movimento Docente das Ueba denuncia que a deflagração da greve, a sua continuidade por mais de um mês e a possibilidade de cancelamento do semestre letivo é culpa exclusiva do governador Rui Costa. De maneira irresponsável o chefe de estado comanda uma política educacional de sucateamento das Ueba, com o objetivo de atender interesses políticos e econômicos do capital privado. Rui Costa cria obstáculos na negociação e não se importa em ser o único culpado por cerca de 60 mil alunos das Ueba seguirem sem a possibilidade de continuar os estudos.
Para o Comando de Greve da ADUNEB e os professores do Fórum das ADs, o momento é de grande tensionamento. Para a intensificação das mobilizações e o fortalecimento da luta em defesa das Ueba, o Movimento Docente conclama todos os docentes a participarem das atividades de greve. O governo Rui Costa afronta a comunidade acadêmica e tenta retirar os direitos trabalhistas dos professores. Conhecidos historicamente pela garra, coragem e disposição para a luta, o MD continuará a dar respostas ainda mais intensas aos ataques do governador. As vitoriosas greves do MD, a exemplo de 2011 e a campanha salarial de 2013, demonstram que a união nas reivindicações leva a importantes conquistas à categoria e a educação pública superior da Bahia.
Outra evidência que comprova o desinteresse do governo em solucionar os problemas das Ueba é o fato de tentarem agendar a próxima reunião apenas para o dia 4 de agosto, para responder sobre a minuta substitutiva da 7176/97, apresentada pelo Fórum das ADs. Enquanto isso, me maneira responsável e democrática, os docentes buscam o diálogo e a negociação. Novas e contundentes atividades de reivindicação são organizadas. O MD fará pressão e exigirá uma reunião o mais breve possível.
Governo impede Reitor
Convidado a participar da reunião pela Associação dos Docentes da Uefs (Adufs), o reitor da Uefs, Evandro do Nascimento compareceu a atividade. Para a surpresa de todos, o administrador central foi impedido pelo chefe de gabinete da SEC, Wilton Cunha, de participar da reunião. A intenção do reitor era ficar como observador e, quando possível, colaborar nas negociações.
Segundo os professores do Fórum das ADs, a atitude do representante de Rui Costa é mais um exemplo da irresponsabilidade e falta de interesse do governo do estado em avançar nas negociações. Desde o início das discussões, há 37 dias, representantes das categorias dos estudantes e dos técnicos já participaram dos debates sobre a pauta de reivindicações 2015. Apenas o reitor da Uefs, na tentativa de contribuir com as negociações, foi barrado. A atitude do governo foi repudiada pelos professores, que consideram a ação autoritária, antidemocrática e que evidencia o atual perfil da administração de Rui Costa.
Foto: Reprodução/Ascom ADUNEB