Um curso de corte e costura que, além de bordados e outras técnicas, incentiva o empreendedorismo, o empoderamento feminino e a conscientização sobre a importância da cultura africana. Essa é a proposta do curso profissionalizante do Projeto Motimba Mameto, que foi iniciado oficialmente, nesta terça-feira (14). Em um ano, 180 mulheres estarão prontas para ingressar no mercado de trabalho, mais conscientes de seu papel social e com uma profissão para melhorar a renda familiar.
O projeto é resultado da parceria entre a Sociedade Beneficente 25 de Junho e a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). As atividades são realizadas na sede da associação comunitária, em Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Segundo o titular da secretaria, Geraldo Reis, que esteve na aula inaugural, o projeto […] tem diversos objetivos.
“Esse é um projeto que incentiva a qualificação profissional, voltado principalmente para as mulheres, através da estética, sobretudo afro, e [que] faz o resgate cultural. Além disso, cria-se aqui um espaço de convivência saudável entre as pessoas. É o empoderamento das mulheres, em sua maioria negras, que moram na periferia. Não poderíamos ter acertado mais, em firmar essa parceria, porque são iniciativas assim que promovem o desenvolvimento social”, disse o secretário.
Oportunidade para abrir negócio próprio
O convênio entre a secretaria e a associação tem duração de um ano, no valor que ultrapassa os R$ 300 mil para investir na formação dessas mulheres. Nesse período, a cada semestre, o curso promove a qualificação de 90 pessoas, a partir dos 18 anos. Porém, mesmo aberta a ambos os sexos, a iniciativa teve a adesão de mulheres das comunidades da região, que ocupam todas as vagas disponíveis. A capacitação também é uma oportunidade para as participantes se tornem independentes financeiramente e abram seu próprio negócio.
Esses são os planos de muitas das alunas que começaram as aulas nesta terça como Ana Cláudia Santos. Ela assistiu às apresentações de forma animada para aprender tudo o que puder. Atualmente divorciada, Ana Cláudia mora apenas com o filho e está desempregada. “Não vejo a hora de montar meu próprio negócio, vou me aplicar em todas as aulas. E sei que assim vou crescer e montar uma loja de figurinos, panos de prato e bordados. Isso vai mudar a vida da minha família. Estou muito feliz”.
Não é apenas sobre corte e costura que as mulheres do Subúrbio Ferroviário terão aulas teóricas e práticas. No projeto há espaço para aprender sobre indumentárias afros e figuras dos orixás, em que os figurinos também serão produzidos nas aulas, sendo uma forma de resgatar também as tradições e memórias da herança africana, que muito influenciaram o estado e a cultura baiana.
O professor Jeferson Freire é o responsável por outra parte da formação profissionalizante das alunas. “Nas minhas aulas, eu passo noções de empreendedorismo, matemática básica, forma de falar, de se expressar, e de relacionamento com o próximo. Elas sairão dessas aulas qualificadas para o mercado de trabalho ou para empreender individualmente, despertando e desenvolvendo a economia do subúrbio”.