Bahia

Com obras paradas, foliões vivem mais um Carnaval sem a histórica Praça Castro Alves

Local foi interditado após escavação identificar escombros arqueológicos

Manu Dias/GOVBA
Manu Dias/GOVBA

Desde que achados arqueológicos foram encontrados durante a obra na Praça Castro Alves, no final de 2019, os soteropolitanos se acostumaram a ver o local tradicional do encerramento do Carnaval no Centro, fechado por tapumes.

A Prefeitura de Salvador já concluiu as obras de requalificação do Centro, que incluía o trecho onde está erguida a estátua do poeta Castro Alves, responsável por dar o nome ao local. No entanto, a obra da parte onde foram encontrados os escombros, que inicialmente acreditavam se tratar de restos do Teatro São João, ainda nem começou.

São dois anos de obras completamente travadas. Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Matos, subordinada a Secretaria de Cultura de Salvador, disse em contato com o Portal Salvador FM que existe um entrave com o Instituto de Patrimonio Artístico e Cultural (IPAC), ligado ao Governo da Bahia.

Foi Guerreiro quem anunciou que o local iria abrigar um anfiteatro batizado de 'Palco Moraes Moreira' aproveitando a estrutura original da fonte encontrada, e aproveitando para homenagear o cantor baiano falecido em abril de 2020.

Moraes Moreira, que integrou o grupo Novos Baianos, é considerado o primeiro cantor de trio elétrico do Carnaval da Bahia. Várias composições suas mencionam a histórica Praça Castro Alves, como "Chão da Praça" e "A Praça, o Povo e o Poeta", e o seu show de encerramento no fim de tarde no último dia de Carnaval e um marco da folia momesca.

Segundo o gestor cultural, o impasse não tem relação com os achados arqueológicos. Ele confia que a troca na gestão do órgão, entrando Luciana Mandelli, ex-vice presidente do PT-BA, no lugar João Carlos Cruz, pode facilitar o dialogo com o poder municipal.

"Estávamos dependendo da questão com o IPAC, uma vez que se resolva, a gente vai tocar a obra. Está travada por conta de questões legais, mas agora com a troca de gestão acredito que solucione", projetou Guerreiro.

"Um problema puramente burocrático da antiga gestao do IPAC. Existe uma demora especifica para liberar os últimos documentos", alegou.

A nova previsão de Guerreiro é de que as obras sejam concluídas até setembro deste ano, com a praça e o novo equipamento disponíveis a partir do Carnaval de 2024.

Procurada, a diretora-geral do IPAC, Luciana Mandelli, não respondeu sobre um possível impasse provocado pelo IPAC. Ela reforçou que assumiu a gestão há uma semana e que toda a equipe está focada nos preparativos para o Carnaval.

Segundo a gestora, assim que encerrar a festa popular, o IPAC irá atender as demais demandas, entre elas a liberação da obra na Praça Castro Alves.

A reportagem tentou contato com a Secretaria de Cultura de Salvador, responsável por conduzir a construção do palco, mas até o momento da publicação não obteve resposta. O espaço segue disponível.