A delação premiada da secretária da Odebrecht, Maria Lúcia Guimarães Tavares, detida em Salvador, foi crucial para a prisão do ex-ministro Antônio Palocci nesta segunda-feira, 26, na 35ª fase da Operação Lava Jato. De acordo com o delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace, a colaboração dela permitiu que os investigadores chegassem à conclusão de que Palocci era o "italiano" citado nas planilhas de pagamento de propinas da empreiteira.A secretária, presa na Operação Acarajé (a mesma que deteve o marqueteiro do PT João Santana e a mulher dele, Mônica Moura), atuava no setor de operações estruturadas, responsável pelo pagamento de propinas. Essa é a segunda fase da Lava Jato deflagrada com base no depoimento dela. Em março, policiais federais deflagraram a 26ª etapa da ação batizada de Xepa, que prendeu executivos da Odebrecht, inclusive em Salvador. Maria Lúcia era responsável por manter planilhas com dados sobre o pagamento de propinas. Os beneficiários do esquema eram identificados por meio de apelidos no documento. No caso de Palocci, como "italiano".
"Italiano"
De acordo com o delegado Pace, a planilha foi atualizada até 25 de novembro de 2013. Segundo informações contidas neste documento, teria sido pago R$ 128 milhões para o PT.
"Conforme planilha apreendida durante a operação, identificou-se que, entre 2008 e o final de 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci. Remanesceu, ainda, em outubro de 2013, um saldo de propina de R$ 70 milhões, valores estes que eram destinados também ao ex-ministro para que ele os gerisse no interesse do Partido dos Trabalhadores", apontou o Ministério Público Federal (MPF).
A partir destes pagamentos, Palocci teria atuado para beneficiar a Odebrecht, como interferindo em licitações da Petrobras para aquisição de 21 navios-sonda para exploração da camada do pré-sal, além de ter tentado aprovar o projeto de lei de conversão da Medida Provisória 460/2009, que resultaria em benefícios fiscais para a construtora.
De acordo com o delegado, e-mails de Marcelo Odebrecht registram encontros de Palocci e Odebrecht para discutir possíveis favorecimentos de negócios do Programa de Desenvolvimento de Submarino Nuclear (Prosub) e da Arena Corinthians.
Segundo os investigadores, o ex-ministro – que fez parte do governo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – continuou atuando junto à Odebrecht mesmo quando não estava mais no governo. Por isso, foi solicitada sua prisão.
Além do ex-ministro, dois ex-assessores dele, Branislav Kontic e Juscelino Dourado, também foram detidos nesta segunda. Eles são acusados de intermediar contatos com Marcelo Odebrecht e receber pagamentos de propinas.
Reprodução: A Tarde on line