Bahia

Bahia registra uma morte por dia nas estradas em 2017

O número equivale a quase uma morte por dia.

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Bahia registra uma morte por dia nas estradas em 2017 - Foto: Joá Souza | Ag. A TARDE | 30.05.2016Nos primeiros 17 dias de 2017, pelo menos 16 pessoas morreram em acidentes envolvendo veículos nas rodovias federais e estaduais que cortam a Bahia. O número equivale a quase uma morte por dia. Foram sete mortes registrados pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE), até o último dia 15. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda não contabilizou os dados referentes a 2017. A colisão frontal é o tipo de acidente que mais provoca mortes

No entanto, dois acidentes recentes em rodovias federais vitimaram muitas pessoas, um na BR-101 e outro na BR-020. Neste último caso, ocorrido no último dia 17, no trecho do município de São Desidério, uma colisão frontal entre um carro e uma caminhonete resultou na morte do condutor de um dos veículos e seus quatro filhos.

Na BR-101, quatro pessoas morreram e duas ficaram feridas em um acidente próximo à Entre Rios, em um acidente ocorrido em 15 de janeiro. A batida envolveu um Gol e duas carretas.

Chefe Substituto do Núcleo de Comunicação da PRF, Rafael Freire contou que o final de um ano e início do seguinte é historicamente um período onde os índices de acidentes nas rodovias são altos. "Nesse período, há um contingente de pessoas de férias ou folga e pegam a estrada, mas nem sempre têm vivência de estrada ou estão com os veículos em condições", disse.

Segundo Freire, por conta dos índices neste período, a PRF realiza anualmente uma operação específica, de novembro a fevereiro, para tentar reduzir os acidentes. "Acidentes acontecem. O que a gente precisa colocar na cabeça dos condutores é que precisa usar o cinto de segurança, manter a velocidade regulamentar, verificar o estado dos pneus para que, se o acidente vier a acontecer, as consequências não sejam tão danosas".

Aumento

Nas rodovias federais que cortam a Bahia, a comparação 2015-2016 mostrou que o número de acidentes graves reduziu apenas 0,3%, de 1.291 para 1.287, ou seja, quatro casos a menos.

Os óbitos também tiveram baixa redução, de 631 mortes para 611, uma diminuição de 3,1%. O quantitativo de feridos graves aumentou de 1.197 para 1.212 (1,25%). A maior redução ocorreu no nº total de acidentes, que registrou queda de 7.027 para 5.424 (22,8%).

No caso das estaduais, o nº de óbitos aumentou aproximadamente 11% na comparação de 2015 com 2016. Cresceu de 337 para 374. Já os quantitativos de feridos e o total de acidentes diminuíram, no mesmo período, 4% e 9%, respectivamente.

Segundo o PRF Rafael Freire, o principal motivo dos acidentes ocorridos nas rodovias federais em 2016 nos quais os policiais conseguem presumir as causas é a falta de atenção. Como segundo motivo, está a velocidade incompatível, o que inclui excessos e velocidades menores que a permitida. Em terceiro, está defeito mecânico no veículo, seguido por não guardar distância de segurança, ingestão de álcool e ultrapassagem indevida.

Sobre tipo de acidente, Freire contou que a colisão frontal é a que mais mata. "A frontal não é o acidente que mais acontece, mas, com relação às vítimas fatais, é a que mais provoca mortes".

Operação

PRF realiza anualmente uma operação específica, de novembro a fevereiro, para tentar reduzir os acidentes

Trechos perigosos

O PRF frisou que as BRs 101, 116, 324 e 242 são as que têm mais acidentes. Os trechos mais perigosos são aqueles que interceptam cidades, porque nesses entroncamentos há o encontro de viajantes com o fluxo de veículos da cidade que circula só naquela área. "Essas pessoas circulam nas proximidades da cidade e não adotam medidas de segurança. Isso se deve à ausência ou insuficiência de fiscalização nos municípios".

A PRE informou que, nas estaduais, de 2014 a 2016, a maior causa de acidentes nas rodovias foi "a imprudência, o que corresponde a 80,3% dos casos". "É considerada imprudência o excesso de velocidade, dirigir na contramão, desobediência à sinalização, forçar a passagem e ingerir bebidas alcoólicas ou drogas".

>> Tragédias têm relação direta com o padrão de velocidade

A principal forma de combater os altos índices de acidentes em rodovias federais e estaduais, para o sociólogo e consultor em segurança e educação no trânsito Eduardo Biavati, é o aumento de radares nas estradas.

Os acidentes, disse Biavati, têm relação direta com o padrão de velocidade nas estradas. “Quanto maior é a velocidade, maior é a probabilidade de perda de controle do veículo e menor é a capacidade de reação”. 

Apesar de as campanhas serem importantes, segundo o especialista em segurança viária, elas não são suficientes para educar e conscientizar condutores de veículos. Ele citou países como França, Espanha e Austrália que só conseguiram redução nos índices a partir da instalação de radares.

“A pessoa só tira o pé do acelerador quando ela está sendo fiscalizada. O investimento em vários estado para os radares tem sido pequeno. Tem que ter um esquema de fiscalização para controlar as mortes nas estradas que são numerosas”, acrescentou.

Biavati enumerou outros dois fatores que contribuem para que os acidentes ocorram. “Temos, no país, rodovias muito abandonadas e mal sinalizadas. Não tem acostamento. É o cenário perfeito das colisões frontais. Outro fator grave é o baixo uso do cinto de segurança no banco traseiro”.

Na Bahia, a malha rodoviária federal é de mais de 11 mil quilômetros. A PRF informou que não trabalha com radares fixos, o que fica sob a responsabilidade do DNIT ou de concessionárias que administram trechos das vias. A PRF trabalha com radares móveis, mas informou que não pode revelar a quantidade por ser uma “questão estratégica”.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que há 3.500 equipamentos de fiscalização monitorando 6.418 faixas de trânsito no país.  Já a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) informou que há, sob a responsabilidade da secretaria, 14 radares móveis e 29 fixos.

>> Dicas da Polícia Rodoviária Federal

Veículo em dia

Faça uma revisão atenta no veículo antes de viajar. Faróis conferidos; pneus calibrados e em bom estado (inclusive o estepe); palhetas dos limpadores de para-brisa; motor revisado, com óleo e nível da água do radiador em dia

Planejamento da viagem

O motorista deverá se informar sobre as distâncias que percorrerá, as condições do tempo, pontos de parada, existência de postos de combustíveis e de restaurantes à beira da estrada

CNH, CRLV e RG

Confira os documentos pessoais e do veículo, bem como das crianças

Cinto de segurança

Certifique-se que todos os ocupantes do veículo estejam com o cinto

Pausas para descanso

O condutor deverá programar paradas a cada 3 horas. Quem se expõe a muitas horas dirigindo fica sujeito ao fenômeno da "hipnose rodoviária", na qual se mantém de olhos abertos, mas sem percepção da realidade à sua volta

Chuvas

É importante ficar alerta desde o início da chuva, quando a pista, geralmente, fica mais escorregadia, devido à presença de óleo, areia ou impurezas

Obedeça à sinalização

Respeite a sinalização e os limites de velocidade

Reprodução: A Tarde