,Dados divulgados pelo Conselho Federal de Medicina, que tem como base dados do Sistema Único de Saúde (SUS), apontam que a Bahia é o estado que lidera o número de internações relacionadas a acidentes com fogos de artifícios. De um total de 4.577 ocorrências do tipo em todo o país, que foram registradas entre os anos de 2008 e 2016, 961 foram notificadas no estado baiano.
Depois da Bahia, o maior registro de internações ocorre em São Paulo (850) e em Minas Gerais (640). No período analisado, 83 pessoas morreram no Brasil vítimas de queimaduras provocadas por fogos de artifício.
Na Bahia, as estatísticas mostram que o número de pessoas internadas por acidentes com fogos aumenta até cinco vezes no mês de junho em comparação com os outros meses. "Festejo junino com bebida alcoólica e fogos de artifício, por isso esse aumento na média histórica em junho", explica Marcus Vinícius Barroso, coordenador do Centros de Tratamento de Queimados de Salvador (CTQ), no Hospital Geral do Estado (HGE). No CTQ, o número de internações aumenta 40% neste período do ano.
[Em Cruz das Almas, a guerra de espadas é responsável por muitos acidentes (Foto: Reprodução / TV Bahia)]
[Em Cruz das Almas, a guerra de espadas é responsável por muitos acidentes (Foto: Reprodução / TV Bahia)]
Em Cruz das Almas, a guerra de espadas é responsável por muitos acidentes (Foto: Reprodução / TV Bahia)
Não faltam celebrações que coloquem o risco de queimaduras em evidência. Uma delas é a guerra de espadas na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, que mesmo proibida pela Justiça há seis anos continua reunindo centenas de pessoas.
"Seria muito importante que nós pudéssemos fazer uma autocrítica no sentido de ver se a gente poderia incorporar novas brincadeiras à nossa comemoração e que não fosse necessariamente a utilização desses explosivos e dessas espadas", sugere o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Jecé Brandão.
A fisioterapeuta Luciana Barcellos já foi vítima de queimadura durante os festejos juninos. Ela estava assistindo a uma brincadeira com fogos de artifício, quando um deles explodiu ao lado dela queimando braço, pescoço e metade do rosto. A recuperação levou um ano. "Eu fiquei bem assustada, bem assustada mesmo. Eu queimei rosto, orelha, eu achei que a orelha ia ficar com algum problema", conta.
Os casos de queimaduras vão além do período junino. Em Feira de Santana, a comemoração num jogo de futebol deixou sequelas para a vida toda no empresário Sandro Haine. Uma bomba explodiu na mão e ele acabou perdendo as pontas de dois dedos. "Serviu de exemplo também, que eu sempre aconselho as pessoas, crianças, tudo, quando eu vejo, para não soltar bomba e mostro minha mão, o que aconteceu comigo", afirma.
Reprodução/G1