Precaver-se na hora de mexer em fiações elétricas, plugar aparelhos em tomadas, ou fazer uso de qualquer utensílio que funcione a base de eletricidade não está sendo uma prioridade para muitos brasileiros, e na Bahia, isso também vem se demonstrando comum.
De acordo com a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) foram registrados, em 2015, 1249 acidentes envolvendo causas elétricas, sendo 590 fatais, 123 não fatais, e 441 com curto circuito com incêndio (com 33 mortes). Na região nordeste, a Bahia lidera o número de incêndios por curto circuito com 25 casos.
Embora já expressivos, os números podem ser quatro ou cinco vezes maiores. As causas mais comuns dos incêndios ocasionados pela eletricidade são, em quase 100%, resultado de instalações elétricas antigas. A entidade aconselha que, para evitar acidentes desta gravidade, realizar a manutenção de toda fiação em no mínimo, a cada cinco anos por um profissional.
No caso de acontecer um curto circuito que provoque um incêndio, o especialista orienta desligar o disjuntor ou a chave geral. Em casos como este, não é recomendado, em hipótese alguma jogar água para tentar conter o incêndio, afinal, a água é um condutor de eletricidade, e a pessoa que estiver próximo à fiação pode receber uma grande descarga elétrica levando-a a morte.
Iluminação de Natal requer cuidados especiais com a rede elétrica
Neste cenário em que a falta de atenção tem sido uma das razões mais frequentes dos acidentes provocados por choques elétricos, é preciso redobrar a atenção, sobretudo nesta época do ano, quando as decorações de Natal começam a tomar corpo nos lares.
Muito comum entre os brasileiros, a iluminação natalina também é um artigo sujeito a falhas, e por isso, nenhum pisca-pisca pode passar despercebido pelo consumidor antes de ser finalmente aceso.
Numa cidade como Salvador, com um grande número de imóveis antigos, sobretudo na região central, as manutenções das instalações elétricas precisam ser constantes. Segundo o engenheiro eletricista e diretor executivo da Abracopel, Edson Martinho, é comum que as pessoas, por falta de conhecimento, usem uma instalação de forma inadequada.
“As instalações de 30 a 40 anos atrás não foram planejadas para aguentar a quantidade de carga elétrica que está sendo empregada hoje, logo, corre um risco de sobrecarga e aquecimento que coloca em risco todo o imóvel”, explica Martinho, que aconselha aos moradores, a solicitar a um profissional a manutenção de toda a fiação, em um período mínimo de cinco anos. Além destes, outros cuidados ainda são necessários na hora de começar a decorar.
De acordo com a engenheira de Segurança do Trabalho da Coelba, Dulce Laura Ferreira, o primeiro passo a ser seguido pelo consumidor, na hora de adquirir esses produtos, é verificar, na embalagem, o selo do Inmetro – certificação de garantia que o artigo natalino passou por severos testes de segurança antes de chegar às prateleiras do comércio. As embalagens dos pisca-piscas devem conter informações como potência, tensão de alimentação e instruções de uso.
Para aqueles que estão reutilizando os enfeites utilizados em anos anteriores, a especialista recomenda olhar minuciosamente o pisca-pisca, à procura de algum possível fio desencapado, ou lâmpadas mal encaixadas, e outros sinais de desgaste, antes mesmo de testá-lo na tomada. “É bom lembrar que esses produtos ficam guardados por muito tempo sem utilização, e por isso, nem sempre estão seguros para o uso”, chama a atenção.
No caso das árvores de Natal, é importante procurar pela etiqueta “Resistente ao Fogo”. Essa medida preventiva pode evitar um incêndio, na eventualidade de um curto-circuito. Outra dica é quanto á montagem da árvore. É importante evitar o uso de luzes elétricas e piscas decorativas em estruturas de metal. Elas podem conduzir energia e provocar choques elétricos. As luzes não devem estar próximas de enfeites produzidos com papel ou cartolina.
Recomenda-se cuidado redobrado ao usar os pisca-piscas em áreas externas das residências, pois pode agravar os riscos de acidentes. Por estar mais vulnerável ao calor e à chuva, há mais riscos de choque elétrico e curto-circuito. A ação do tempo pode ressecar a fiação e a presença de água potencializa os efeitos da condução da corrente elétrica pelo corpo humano.
O uso de várias ligações em uma mesma tomada, através do chamado “T” (benjamins), também deve ser evitado. Segundo explica Dulce Laura, essas ligações em excesso podem provocar aquecimento e curto-circuito, e conseqüentemente interromper o fornecimento de energia elétrica.
Se o incidente ocorrer próximo a materiais inflamáveis – como cortina de tecido, papelão, fibras, isopor e etc. – pode até causar um incêndio. Além dos riscos, o aquecimento da tomada também gera perda de energia e o consequente aumento na fatura.
O consumidor ainda deve se atentar a alguns detalhes pós-montagem, quando a decoração está pronta para uso. É muito comum que a iluminação desperta a atenção das crianças que tendem, naturalmente, a querer tocar nos enfeites.
Importante também não se esquecer de desligar toda a decoração elétrica ao sair de casa ou quando todos forem dormir. Outra recomendação é não instalar objetos decorativos próximos à rede de distribuição de energia.
Reprodução: Tribuna da Bahia