A Avenida Afrânio Peixoto, mais conhecida como Suburbana, é a via que registrou o maior número de acidentes com mortes envolvendo motos, esse ano. O motociclista Valdeck dos Santos, 32 anos, morreu na avenida hoje após um acidente com um Sandero prata. A moto de Valdeck bateu na lateral do carro e ele foi arremessado no canteiro central da avenida. Na mesma Suburbana, outras quatro pessoas morreram em acidentes com moto, segundo a Transalvador.
Contudo, de acordo com Marcelo Corrêa, da Transalvador, a situação na Suburbana hoje, pouco mais de um mês após a conclusão das obras de requalificação, é diferente. As obras, inclusive, foram motivadas pelo entendimento de que a via era a mais perigosa da cidade e precisava de mais fluidez e segurança. Embora ainda não tenha números sobre a mudança nas últimas semanas, ele destaca que as medidas já tiveram efeito. “Tomamos a decisão de fazer uma série de intervenções, como acabar com pontos de congestionamento e colocamos 11 faixas elevadas por sentido na avenida”, exemplifica.
Ao todo, foram 71 acidentes na avenida com 14 quilômetros de extensão, este ano, de acordo com a Transalvador. Em primeiro lugar, vem a Avenida Antônio Carlos Magalhães, com 89 acidentes com moto e duas mortes. Em seguida, vem a Avenida Luís Viana, a Paralela, com 86 casos – entre esses, duas mortes.
Para o diretor de trânsito da Transalvador, Marcelo Corrêa, o número de acidentes com moto na via está ligado à quantidade de mototociclistas que trafegam na região. “Tem muito acidente com moto pela característica social da população, que tem na moto um veículo muito importante para a mobilidade. É uma população que carece que um transporte público de melhor qualidade e ela enxerga na moto uma alternativa para o problema de mobilidade”, diz.
Além disso, para o professor Elmo Felzemburg, da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), há uma combinação de questões técnicas e culturais. De acordo com ele, a situação da Suburbana é bem parecida com a da BR-324 – especialmente no trecho entre Candeias e Feira de Santana. “A geometria da via é estreita, de difícil circulação nesse sentido. E a coisa cultural é que, no Brasil, as pessoas não costumam trafegar com muita cortesia e não obedecem ao Código Trânsito Brasileiro, que diz que, no tráfego, os veículos mais pesados devem se comportar protegendo os mais vulneráveis, como pedestre, bicicleta e moto”.
De acordo com ele, a maioria dos acidentes acontecia por motivos como a própria extensão da via, além do fato de pessoas morarem em todo o entorno da avenida. “Também é uma avenida com passeios estreiros, então volta e meia as pessoas recorrem à via para circular. Outro motivo é a bebida alcoólica do pedestre, nem tanto do condutor. O pedestre vai andando pela pista e acontecia um acidente”, diz.
Quanto à topografia, Corrêa explica que foi ela possibilitou a construção da ciclovia, que tem 1m de extensão – o mínimo exigido por segurança. “Se tivesse 1,10m ou 1,20m não faria diferença para o ciclista, mas faria diferença para o transporte público, porque construímos a ciclovia estreitando o limite. Ficou 6,4m para a avenida, que é a dimensão exata para passar um ônibus e um caminhão ou dois ônibus. Se ficasse 6,3m, não daria. Antes, o ciclista ficava disputando espaço e hoje a situação está dentro do limite técnico que dá um nível de segurança maior”.
Reprodução/Correio24h