Bahia

Após meses de espera por cirurgias, grupo protesta contra falta de anestesistas no Hospital Roberto Santos

Alguns pacientes estão aguardando há mais de quatro meses e tiveram as suas cirurgias remarcadas mais de 10 vezes. 

Dibulgação/Gov Ba
Dibulgação/Gov Ba

Acompanhantes de pacientes do Hospital Geral Roberto Santos, localizado no bairro do Cabula, estão realizando protestos para reclamar sobre a falta de anestesistas no local. Na segunda-feira (23), um grupo com cerca de 50 pessoas se reuniu em frente à unidade hospitalar para se manifestar contra a situação.

Segundo elas, alguns pacientes estão aguardando há mais de quatro meses e tiveram as suas cirurgias remarcadas mais de 10 vezes. Entre os casos, estão pacientes que precisam fazer hemodiálise e até mesmo cirurgia neurológica, como é o caso da mãe de Laís Natali.

“Ela está internada há basicamente 30 dias aguardando para fazer uma cirurgia neurológica. Ela já veio regulada de outro hospital para cá, passou 30 dias lá para ser transferida para cá e chegar aqui e até o momento não foi feita a cirurgia porque o hospital está alegando a falta de anestesista”, explicou em entrevista à Salvador FM.

Laís detalhou o estado de saúde de sua mãe, que é complicado. “Minha mãe se encontra acamada, totalmente debilitada. Ela está com um tumor de oito centímetros no crânio e está inchado. Ontem foi feita uma tomografia novamente porque ela não se encontra bem, está a cada dia mais se agravando o caso dela”, contou.

Desesperada, a filha fez um apelo à Secretaria de Saúde, para que a situação seja resolvida o mais breve possível. “A gente precisa da ajuda de vocês. Minha mãe estava aqui sofrendo, precisando de uma cirurgia para poder a gente ter a recuperação dela em casa, para poder minha mãe ter uma saúde estável. Pelo amor de Deus, nos ajude”, suplicou.

Segundo Laís, a direção do HGRS pede paciência, no entanto, a cirurgia de sua mãe já foi adiada duas vezes e ainda não há uma data definida para a realização.

 “Fala que é pra aguardar, que tem um profissional. Cadê o profissional? Em uma nota na televisão disseram que tinham 50 profissionais. Cadê esses 50 profissionais que não estão operando? Tem pacientes aí com mais de quatro meses aguardando. Minha mãe não é a única pessoa que está aguardando não. Tem paciente aguardando há quatro meses, tem paciente que desce para fazer a cirurgia 13 vezes. Minha mãe já foi arrumada duas vezes para fazer a cirurgia e até o prezado momento não foi feita a cirurgia nela”, lamentou.

Em nota, a diretora do HGRS, Lucrécia Savernini Freitas afirmou que a demora tem ocorrido devido à grande procura dos pacientes pela unidade, o que dificulta o atendimento. No entanto, a médica afirma que as cirurgias de urgência estão sendo realizadas e todos os pacientes estão sendo assistidos. Confira:

"O Hospital Roberto Santos hoje é o maior hospital público do estado, que realiza procedimentos de altíssima complexidade que vai da neonatologia à neurocirurgia, perpassando por inúmeras especialidades, o que faz com que a complexidade dos casos seja enorme, o que dificulta inclusive a realização de um maior número de cirurgias num período menor. Com o objetivo de resolver essa situação, foi ampliada a remuneração desses anestesistas, foi feito um credenciamento onde o plantão de 12h por anestesista chega a R$2.600, anteriormente era a remuneração de R$1.400 pela mesma jornada de trabalho, assim como também houve aumento dos profissionais que receberiam por outro meio, que não querem fazer parte do credenciamento. Mas mesmo assim a dificuldade é grande, a diretoria vem acompanhando diariamente todos os casos cirúrgicos, tentando equalizar da melhor forma as cirurgias que serão realizadas no dia para aproveitar da melhor maneira o tempo disponível do anestesista, e nenhuma cirurgia de urgência está deixando de ser realizada. Todas as urgências são realizadas sem que haja desassistência ao paciente."

 

MAIS UM CASO

Na manhã desta terça (24), houve uma outra manifestação em frente à Câmara Municipal de Salvador (CMS), envolvendo outro problema com o sistema de saúde na capital baiana. O grupo protestava pela falta de vagas nas clícinicas da cidade. Nos cartazes, as pessoas relatam dificuldades para a realização de diálise e estão aguardando muito tempo para a realização do processo.

*Com informações do repórter Paulinho FP