As aulas na Escola Municipal Raimundo Afonso Borges, onde estudava Jerferson, foram retomadas na manhã desta terça-feira (6), seis dias depois do corpo da criança de dez anos ser encontrado em um matagal da região de Gameleira, em Vera Cruz. A vítima foi morta a pauladas e facadas por dois adolescentes, depois de se envolver em uma disputa de bolinha de papel com a irmã de um dos agressores.
A escola estava sem aulas desde a última quarta-feira (31). As atividades só seriam retomadas depois do enterro da vítima, mas o corpo de Jeferson não foi liberado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Santo Antônio de Jesus, porque precisava passar por etapas padrão de reconhecimento. A previsão é de que a confirmação dos exames seja divulgada entre 20 e 30 dias, só então a vítima poderá ser enterrada.
Na tarde de segunda-feira (5), alunos, pais e professores se reuniram na escola para um momento de oração. O gestor do local, Paulo Ribeiro, comentou sobre o retorno das aulas e projetou uma nova parada para o enterro de Jeferson. “Um clima muito ruim, de muita tristeza, mas a vida precisa continuar. Com certeza vamos suspender as aulas para que todos possam acompanhar o sepultamento”, disse.
Caso
De acordo com o delegado Geovani Paranhos dos Santos, os adolescentes teriam matado a vítima com golpes de faca e pauladas. Segundo ele, um dos agressores foi apreendido na segunda-feira, e outro na terça (30).
Em depoimento à polícia, a dupla confessou o crime. Paranhos contou ainda que o menor preso de 16 anos é ligado ao tráfico de drogas da região.
Segundo o sargento Reginal Filho, da 5ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), a vítima teria jogado uma bolinha de papel na irmã do adolescente que confessou o crime. A garota também tem 10 anos. Por conta da brincadeira, as crianças acabaram se desentendendo e trocaram tapas.
Conforme o PM, o adolescente, que tem 16 anos, não gostou da briga e quis se vingar. Ele arquitetou a morte da criança e chamou outro jovem, de 14 anos, para ajudá-lo na ação, informou o sargento.
"[O adolescente] que é irmão da menor, arquitetou uma vingança, até mesmo porque já é uma criança problemática, já envolvida no mundo do crime. Então, ele arquitetou e chamou o outro adolescente para perpetuar o crime", disse o sargento Reginaldo Filho.
Conforme a polícia, o adolescente de 14 anos que participou do crime estudava na mesma sala que a vítima. Ele teria atraído o garoto para o matagal ao chamá-lo para caçar aves no local.
Segundo o delegado Geovani Paranhos, os dois adolescentes foram ouvidos pela polícia e o caso foi encaminhado para o Ministério Público, que determinou a transferência deles para a 5ª Vara da Infancia e Juventude, em Salvador, onde cumprirão medidas socioeducativas.
Escola
O menino de 10 anos que foi morto e a garota que teria se desentendido com ele por conta de uma bolinha de papel estudavam na Escola Municipal Raimundo Afonso Borges. A unidade de em ensino fica a cerca de 1,5 km de onde o corpo de Jeferson foi encontrado.
A briga entre ele e a colega aconteceu na terça-feira (23). Os dois alunos foram suspensos por cinco dias. O menino desapareceu na qunta-feira (25). A colega com quem ele brigou voltou para as aulas na segunda-feira (29) .
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Jura de morte
A tia da vítima, disse ao G1, nesta quarta-feira, que a criança estava jurada de morte pelo autor do crime. "Foi uma briga de escola com a irmã desse assassino. De lá ele jurou que ia pegar o menino. Ele jurou à mãe do menino que ia pegar ele. Tanto ele jurou que ele pegou e matou", disse Silvania Santos.
Segundo ela, a mãe do garoto está no hospital e o pai está revoltado. "O pai está aí feito louco! Como é que a gente vai falar um negócio desse? A família toda está abalada. A gente não tem nem explicação para isso", lamenta.
A família de Jeferson Santos procurava o garoto desde quinta-feira (25), quando o jovem desapareceu de casa. O corpo dele foi achado em um matagal nesta quarta, em uma região conhecida como Gameleira. Por conta do sumiço, cerca de 100 pessoas fizeram um protesto em frente ao Terminal de Bom Despacho na segunda-feira (29).
Familiares e amigos da vítima se reuniram com faixas e cartazes para uma manifestação na porta do Fórum Desembargador Antônio Bensabath, que fica em Bom Despacho, também na ilha, onde os adolescentes que confessaram ter matado Jeferson foram ouvidos na tarde de quinta-feira.
Eles gritaram por justiça na porta do local. O advogado de um dos autores do homicídio, Nelio Bittencourt, disse que o adolescente de 14 anos contou que foi coagido pelo outro jovem a cometer o crime.
O delegado responsável pelo caso, Geovani Paranhos, foi até o local onde o corpo de Jeferson foi encontrado ainda na manhã desta quarta para fazer o levantamento cadavérico.
Reprodução/G1