O crime organizado está determinando aonde e quando os ônibus devem rodar nos bairros periféricos de Salvador, toda vez que um bandido é eliminado num confronto com a polícia ou na guerra entre “gangues”.
Quando isso acontece os líderes de facções determinam a queima de ônibus, mas não têm coragem de mandar incendiar ônibus no bairro da Pituba muito menos na Barra ou no Campo Grande.
Não fazem nesses bairros porque têm certeza de que a reação das autoridades será bem diferente daquelas que são tomadas nos bairros periféricos. Não será porque a elite ande de ônibus, não é isso, é porque irá dificultar a sua mobilização nos seus carrões zero km e se sentirão incomodados com as sirenes dos carros de bombeiros e das viaturas da polícia.
Imagine o que seria se um ônibus fosse incendiado às 17h no Campo Grande, quando os representantes da elite começam a fazer cooper?
Não é que a prefeitura vá enfrentar os bandidos com a Guarda Municipal, mas se mobilize e cobre das autoridades de segurança ações em defesa da população para garantir o transporte coletivo por ônibus em Salvador, que é sua obrigação legal.
A oferta de ônibus na cidade depende do bom humor dos “chefes do crime organizado” e não mais da Prefeitura de Salvador, que se utiliza da “zona de conforto” de não ser de sua responsabilidade a segurança da cidade para se ocultar na omissão e transferindo para o Sindicato dos Rodoviários as suas prerrogativas.
Por Alberval Figueiredo
Jornalista