Bahia

A preço de "ouro", quilo do feijão chega até R$ 15

Alimento é vendido a preço de ouro nas feiras e supermercados da cidade

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 src=Não basta apenas a alta do preço, que já chega até R$ 15,00 o quilo, em alguns supermercados de Salvador. O feijão, alimento básico na vida do brasileiro em geral, e que na capital baiana é consumido em sua maioria nos tipos “mulatinho” e “carioca”, sumiu das prateleiras de algumas lojas e se tornou artigo de luxo nas feiras livres e mercados da cidade.

Em grandes redes, como a do Bompreço, o produto sumiu das prateleiras, só sendo encontrado nos tipos “mulatinho” e  “preto”.Também não é encontrado em algumas lojas da rede Cesta do Povo e dispõe de apenas duas marcas em outra grande rede de supermercados, a G. Barbosa. Nas feiras livres, como a Sete Portas, é vendido a R$ 14,00 e no Mercado do Ogunjá, atinge o patamar de R$ 15,00.

Quem se arrisca a comprar, como a dona de casa Marluce Lima dos Santos, 51, se queixa do preço e diz que faz uma espécie de racionamento em casa. “Cozinho uma vez na semana e procuro fazê-lo render por pelo menos cinco dias”, diz. Outras, como a comerciante e dona de um restaurante no bairro da Sete portas, Meire dos Santos, foi obrigada a mudar o cardápio, substituindo o tradicional “mulatinho” por feijão preto. “Foi a forma de manter o preço da refeição estável, e não afastar a freeguezia”, diz.

A disparada dos preços do quilo do feijão vendida ao consumidor tem uma razão lógica nos preços praticados junto ao produtor. Em junho do ano passado, conforme apurou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, a saca do feijão mulatinho e carioca (chamado de feijão em cores) estava custando R$ 150,98 na Bahia. 

Na semana de 20 a 24 de junho deste ano, a Conab apurou que a saca já estava sendo vendida a R$ 525,00. O quilo, que custava R$ 2,50 junto ao produtor saltou para R$ 8,70 em um ano. A elevação do preço representou um aumento percentual de mais de 250% no período de um ano.

Especulação 
A Supervisora Técnica do escritório do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas) na Bahia, Ana Georgina da Silva Dias, diz que a alta dos preços do feijão deverá se manter na Cesta Básica de Alimentos, cujos dados serão divulgados na próxima segunda-feira. “Pelo que se observou ao longo do mês, a tendência é que o produto se mantenha em alta, como se verificou em maio”, explicou.

 Ela cita como principal fator para essas altas as quebras de safras, incluindo as da Bahia, e a falta de um estoque  regulador mantido pelo Governo federal, que poderia segurar os preços. Ana Georgina disse não ser possível antecipar o custo da Cesta Básica em Salvador, mas antecipou que a tendência de manutenção de alta no prelo do feijão é praticamente certa, uma vez que não houve qualquer mudança de cenário que indicasse redução ou estabilidade.

Na avaliação técnica da Conab, a terceira safra de feijão no país, que na Bahia equivale á segunda safra, ou safra de inverno, colhida basicamente no Norte e Nordeste do Estado, junto com os estados Alagoas e Sergipe, representa, cerca de 25% da produção nacional nesse período de colheita, que vai de julho a setembro. O problema deste ano, aponta a Conab, foi o atraso no plantio por causa da falta de chuvas na região.

De acordo com os dados divulgados pela Conab, na primeira semana de junho, foi mantida a mesma área cultivada na safra anterior, com perspectivas de produção de 873,3 mil toneladas, o mesmo registrado em no ano passado. A colheita daq safra de inverno começa no final de julho.

A Seagri diz que  caso sejam mantidas as condições de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Estado, a Bahia poderá colher até 195 mil toneladas, o que poderá ser confirmado  ou não entre os meses de Agosto e Setembro, período de colheita Se  somadas as duas safras na Bahia (a primeira na região Oeste, incluindo da Microrregião de Irecê), o Estado terá tido uma produção de mais de 289 milhões de toneladas, número mesmo assim abaixo das ante as 294 mil  toneladas colhidas no ano passado.. 

Estoques reguladores são os menores 

A falta de estoques reguladores, que permitam o equilíbrio de preços durante a entressafra de feijão no País, é apontada, ao lado das condições adversas do clima, pela supervisora técnica do Dieese na Bahia, Ana Georgina, como um dos fatores que resultaram na forte elevação do preço do produto.
O menor estoque regulador de feijão durante o mês de maio no Brasil, ocorreu em 2004. Quando foram armazenadas 684 toneladas. Este ano, os estoques reguladores da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) chegam a 1.036 toneladas. 

Mês     Estoques (ton)
Janeiro    9.930
Fevereiro    5.872
Março    2.490
Abril    1.163
Maio    1.036

Obs: 
*** – Os estoques reguladores vieram de produções dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
** –  Em 2015 o país fechou com estoques reguladores de 10.045 toneladas de feijão
* – Em maio do ano passado a Bahia tinha um estoque regulador de 156 toneladas. Este ano não teve estoques de feijão.

Reprodução/Tribuna da Bahia