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Babá diz que Elize Matsunaga comprou serra elétrica na véspera do crime

Babá foi a primeira testemunha a ser ouvida no júri de Elize nesta segunda, no Fórum da Barra Funda. Defesa afirma que a serra não foi usada no crime

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 src=Primeira testemunha a depor no julgamento de Elize Matsunaga, a babá folguista Amonir dos Santos, disse que sua mãe, a também babá Mauriceia José dos Santos, contou-lhe que Elize comprou uma serra elétrica na véspera da morte do marido, Marcos Matsunaga, em maio de 2012.

A compra da serra indica uma premeditação, segundo a acusação. Já a defesa minimizou o fato alegando que ela não usou o objeto no esquartejamento. A defesa sustenta que Elize matou o marido como reação a um tapa que levou durante uma briga em que a ré contou ao marido que sabia era traída.

Mauriceia foi a segunda a depor e passou mal durante o julgamento. Ela pediu para Elize não ficar no plenário durante o seu depoimento. A babá confirmou que a ré comprou uma serra elétrica.

O julgamento começou às 11h16 desta terça no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Amonir foi a primeira testemunha a ser ouvida, de um total de 19. O julgamento deve durar até sexta-feira (2).

De blazer preto e cabelos presos por uma trança, Elize Matsunaga chorou e limpou as lágrimas com um lenço no início do julgamento em que é acusada de matar e esquartejar o marido. O júri é formado por quatro mulheres e três homens.

Elize é ré no processo no qual responde presa pela acusação de homicídio doloso triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), destruição e ocultação de cadáver. Ela confessou que atirou na cabeça da vítima com uma arma e depois a esquartejou em sete partes em 19 de maio de 2012.

Elize sentou-se no banco dos réus ao lado dos seus advogados de defesa. As equipes de TV puderam fazer as primeiras imagens do júri e tiveram de sair.

Logo no início do julgamento, Elize chorou e limpou lágrimas com um lenço enquanto jurados liam resumo do caso. Quando Elize chorou, fotógrafos e cinegrafistas já tinham saído do plenário.

Duas testemunhas foram dispensadas: o delegado Jorge Carrasco, arrolado como testemunha de defesa, e o reverendo Renê Henrique Gotz Licht, que fez o casamento de Elize e Marcos Matsunaga. Ele seria testemunha tanto da defesa quanto da acusação.

A primeira testemunha ouvida foi Amonir dos Santos, babá folguista do casal Matsunaga. Ela é filha da babá do casal e cobria as folgas da mãe. Amonir respondeu por mais de uma hora as perguntas de acusação e defesa. Na maioria das vezes respondeu a frase: "Não me recordo".

Elize Matsunaga chorou pelo menos quatro vezes durante o depoimento da primeira testemunha. A última vez foi quando a advogada de defesa perguntou para a babá folguista do casal Mastunaga se Eliza era carinhosa com a filha.

Segunda babá
Após intervalo de uma hora, o julgamento foi retomado com depoimento de Mauriceia Golçalves dos Santos, principal babá da filha de Elize. Nervosa, a babá pediu para que Elize fosse retirada do plenário durante o seu depoimento. O pedido foi atendido.

A babá também negou ter conhecimento de armas de fogo na casa, e disse não saber sobre supostas ameaças de Marcos a Elize. “Nunca fiquei sabendo disso”.

Por volta das 16h, a babá começou a responder às questões do promotor. Disse que Elize estava “um pouco triste” quando relatou a ela que Marcos tinha sido encontrado morto. Nos dias após a morte, porém, afirmou que a ré tinha um comportamento “normal, normal, normal”. Também destacou que Marcos a travava “como uma princesa”, sempre dando presentes. Durante o depoimento, Mauricéia teve um mal-estar precisou de atendimento médico.

Ela foi questionada incialmente pelo juiz sobre o comportamento de Marcos e a relação entre o casal. Afirmou que ele era um bom pai e aparentava ser um homem gentil. A ex-funcionária disse que não presenciava as brigas do casal. “Eu pegava a bebezinha e ia descia o elevador”.

A viatura que transportava Elize e a escolta entraram pelos fundos do fórum, pelo estacionamento privativo. Elize está presa na Penitenciária de Tremembé, na região do Vale do Paraíba, no interior paulista, e deixou o local rumo a capital paulista às 7h18.

A acusada saiu da Penitenicária Santa Maria Eufrásia Pelletier, conhecida como Penitenciária Feminina 1 de Tremembé, em um carro da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), escoltado por outro carro da SAP e uma viatura da Polícia Militar. Foram percorridos cerca de 140 km de Tremembé a São Paulo.

Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça (TJ), o julgamento pode durar até cinco dias.

O promotor José Carlos Cosenzo disse na chegada ao Fórum que acredita na condenação de Elize por todos os crimes. "O processo está dentro daquilo que a gente precisava. Teremos um trabalho sério na defesa da vida", afirmou.

O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, da acusação, vai defender a tese da crueldade do crime. "Marcos estava vivo quando Elize começou a esquarteja-lo", disse D'Urso.

Os advogados de defesa de Elize Matsunaga disseram na entrada do Fórum que as testemunhas serão fundamentais no julgamento para mostrar como era a relação dela com o marido. Também destacam a importância do laudo de exumação para provar que a vítima já estava morta quando foi decapitada por Elize. "Quando saiu o laudo necroscópio foram duas semanas divulgado. Até hoje esse laudo é relatado. O laudo de exumação teve alguns segundos na tevê", afirmou.

O juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri da Capital, é o mesmo que condenou o ex-seminarista Gil Rugai a 33 anos e 9 meses de prisão pelo assassinato de seu pai, Luiz Carlos Rugai, e sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino. O crime ocorreu em 2004, dentro da residência do casal em Perdizes, na Zona Oeste da capital.

Para o Ministério Público Estadual (MPE), Elize matou o marido para ficar com o dinheiro de um seguro de vida no valor de R$ 600 mil. O promotor José Carlos Cosenzo ainda suspeita que ela tenha tido a ajuda de outra pessoa – a Polícia Civil ainda investiga essa hipótese.

A defesa de Elize será feita pelos advogados Luciano Santoro e Roselle Soglio. No entendimento deles, a ré matou Marcos para se defender das agressões do empresário, se desesperou e cometeu o esquartejamento. Naquela ocasião, ela havia contratado um detetive particular que revelou que o marido a traía com uma prostituta.

Ao todo, 21 testemunhas devem participar do júri no plenário 10, que tem capacidade para 270 lugares, sendo 50 destinados à imprensa.

Foram sorteados 48 jurados (sendo que a lei prevê mínimo de 25). Para ser instalada a sessão plenário no mínimo 15 jurados são sorteados.

Crime
Elize e Marcos eram casados na época do assassinato, em 19 de maio de 2012. Ela tinha 30 anos e ele, 42. O crime teria ocorrido durante uma discussão do casal.

Ela contou que flagrou a traição de Marcos com uma prostituta após contratar um detetive particular. Elize também havia sido garota de programa quando conheceu o empresário.

O casal tem uma filha, atualmente com 5 anos, que está sob cuidados de familiares do pai.

Após atirar na cabeça do marido, Elize contou que esquartejou o corpo dele, o ensacou e jogou as sete partes em terrenos de Cotia, na Grande São Paulo.

A família de Marcos denunciou o desaparecimento dele no dia 21 daquele mês. Duas semanas depois, Elize foi presa e confessou ter matado o marido.

Reprodução: G1