O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, a mulher dele, Adriana Ancelmo, deixaram a Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, por volta das 11h10 desta sexta-feira (28). Eles voltam para o Rio de Janeiro, após serem interrogados pelo juiz federal Sérgio Moro.
O casal mais Carlos Miranda, sócio de Cabral, e a mulher dele, Mônica Carvalho, e Wilson Carlos, ex-secretário estadual na gestão de Cabral são réus em processo ligado à Operação Lava Jato por serem acusados de receber vantagens indevidas a partir do contrato de obras do Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Eles embarcarão em um avião da Polícia Federal com destino ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Galeão. De acordo com a Polícia Federal, Carlos Miranda e Wilson Carlos permanecem na Superintendência. O motivo não foi informado.
Mônica Carvalho é a única que está em liberdade. Adriana Ancelmo está em prisão domiciliar e o restante está preso preventivamente no sistema penitenciário do Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Federal, Adriana Ancelmo dormiu em um hotel de Curitiba com escolta de policiais federais femininas.
Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo usaram o dinheiro ilegal para comprar artigos de luxo.
O interrogatório
O ex-governador Sérgio Cabral disse que os itens de luxo comprados por ele e pela mulher, Adriana Ancelmo, foram pagos com recursos próprios e que, em determinados casos, esse dinheiro era proveniente de caixa 2. De acordo com o governador, o dinheiro era de sobras de campanhas eleitorais, que ele usava para fins pessoais.
No depoimento desta quarta-feira, Cabral foi orientado pela defesa a responder apenas às questões feitas pelos próprios advogados.
Durante o depoimento, o ex-governador tentou ainda isentar a mulher, Adriana Ancelmo, de qualquer participação nas irregularidades. "Minha mulher não conhece nenhum desses personagens que são citados, executivos da Petrobras, etc. São responsabilidades minhas, diretas", garantiu.
Já Adriana Ancelmo respondeu a todas as questões que lhe foram feitas. Ela afirmou que as notas das compras que fazia eram encaminhadas para a secretária de Cabral para fazer os pagamentos. A mulher do ex-governador disse desconhecer a origem do dinheiro usado para as despesas.
Sobre a denúncia de lavagem de dinheiro por meio de compras em lojas de luxo, Adriana disse que se tratavam ou de compras pagas com dinheiro em conta corrente dela ou de presentes do marido, em cujos recursos sempre confiou que eram lícitos. "Ele dizia que eram recursos lícitos e eu acreditei. Meu marido. Eu não questionava. Acreditava que os valores eram pagos com dinheiro lícito, fossem presentes ou fosse mobiliário escolhido para a residência", disse.
A ex-primeira-dama também disse que jamais manteve dinheiro fora do Brasil e que, quanto às denúncias, Cabral sempre lhe informou que se tratavam de mentiras, de questões políticas.
Reprodução/G1