Brasil

Após derrubar denúncia, Temer chega mais tarde ao Planalto e recebe deputados

Nesta quarta (2), Câmara rejeitou denúncia de corrupção contra o presidente apresentada pela PGR.

NULL
NULL

Michel Temer deixa o Palácio do Jaburu em direção ao Planalto na manhã seguinte à derrubada da denúncia na Câmara (Foto: Dida Sampaio, Estadão Conteúdo)

Na manhã seguinte à vitória na Câmara dos Deputados que barrou a denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria Geral da República, o presidente Michel Temer esticou a permanência na residência oficial.

Nesta quinta-feira (3), o peemedebista chegou ao Palácio do Planalto por volta das 11h20 – geralmente, ele costuma iniciar o dia no gabinete entre 9h e 10h.

Segundo o G1 apurou, o presidente iniciou o dia no Palácio do Jaburu com café e conversas. Logo cedo, Temer recebeu na residência oficial os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), seus aliados mais próximos.

A TV Globo apurou que o advogado do presidente, Antonio Cláudio Mariz, também passou pela residência. A manhã teve assuntos diversos na pauta, como o placar da votação da noite anterior, a retomada das reformas e questões jurídicas sobre o futuro do presidente.

Temer ficou na residência oficial depois de permanecer por mais de 13 horas no Planalto na quarta-feira (2). Chegou às 9h30 e saiu às 23h. Após a votação, fez um pronunciamento à imprensa, falou em vitória do “estado democrático”, e confraternizou no gabinete com ministros e parlamentar e rumou ao Jaburu.

Agenda

Inicialmente, a agenda presidencial registrava para esta quinta audiências com apenas três deputados. À tarde, a assessoria do Planalto atualizou os compromissos do presidente e informou que, ao longo do dia, ele se reunirá com deputados e senadores, com o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, e com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que irá à sede do Executivo acompanhado de uma comitiva da área médica.

O primeiro parlamentar recebido por Michel Temer nesta quinta foi o deputado Wladimir Costa (SD-PA), um dos mais entusiasmados defensores do governo que passou a ser chamado de "deputado da tatuagem".

No último fim de semana, Costa postou nas redes sociais fotos de um evento no Pará, nas quais aparece de camiseta e sem camisa. No ombro direito do parlamentares aparece uma tatuagem com a inscrição "Temer".

Nesta quinta, no Planalto, o entra e sai de deputados e ministros arrefeceu. De segunda (31) a quarta-feira (2), o presidente recebeu mais de 80 deputados.

O clima é de ressaca depois da vitória do governo na votação que impediu o Supremo Tribunal Federal de analisar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente, baseada nas delações da JBS.

'Retomada das reformas'

Um dos deputados que constavam na agenda de Temer nesta quinta, Pauderney Avelino (DEM-AM) também se reuniu nesta manhã com Padilha no Planalto. Ao final da audiência, o parlamentar do DEM disse para a imprensa que, na opinião dele, vencida a denúncia, o clima é de “normalidade” e de retomada das reformas.

Avelino acredita que as mudanças previdenciárias e tributárias atrairão parte dissidente da base – a coalisão de Temer teve 263 votos contra a acusação da PGR e a PEC da Previdência exige 308 votos em plenário.

“O exército para as reformas é maior do que aquele expressado ontem [quarta], no placar final”, ressaltou.

“Se a denúncia, uma agenda negativa, teve 260 votos, uma agenda positiva, que são as reformas, terá os votos necessários", complementou o deputado amazonense.

Nos próximos dias, Temer e sua articulação política querem intensificar as negociações sobre a reforma da Previdência, definida como “prioridade” do governo pelo chefe da Casa Civil em entrevista ao G1. A simplificação tributária e a reforma política também serão discutidas.

O Planalto ainda monitora a possibilidade de Temer ser alvo de uma nova denúncia da PGR, que poderia tratar dos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.

Nesta quarta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu que o STF inclua Temer, Padilha e Moreira no inquérito que apura se integrantes do PMDB formaram uma organização criminosa para desviar recursos da Petrobras e de outros órgãos públicos.

Reprodução/G1