Dois alvos da 36ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (10), lavaram dinheiro para dezenas de empreiteiras investigadas na operação, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Entre elas, a Mendes Junior, a UTC e a Odebrecht.
Um dos responsáveis pelas operações financeiras, segundo a força-tarefa da Lava Jato, é o advogado Rodrigo Tacla Duran. Conforme as investigações, ele trabalhou por anos no setor de propinas da Odebrecht e operou pelo menos 12 contas no exterior.
Para os investigadores, Duran atuava como um elo entro corruptores e pessoas corrompidas.
"Esses operadores fizeram do crime uma profissão. E uma profissão muito lucrativa", afirmou o procurador Roberson Henrique Pozzobon, durante coletiva de imprensa em Curitiba nesta quinta-feira (10). Ainda segundo Pozzobon, havia praticamente uma "confraria criminosa" de operadores trabalhando para diversas empreiteiras.
Há um mandado de prisão preventiva aberto contra Duran, que está no exterior desde abril. Ele tem cidadania espanhola e seu nome foi incluído na lista da Interpol em setembro.
Outro alvo da operação é o empresário e lobista Adir Assad, que já está preso na carceragem da PF, em Curitiba. Ele "agia em sintonia" com Duran para cometer os crimes, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato.
A dupla é suspeita de firmar contratos de R$ 56 milhões com a UTC e em torno de R$ 25 milhões com a Mendes Junior.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, os valores supostamente lavados para a Odebrecht ainda não foram confirmados porque envolvem instituições bancárias do exterior. A obtenção de documentos referentes a elas depende de acordos de colaboração, diz Pozzobon.
Ainda durante a coletiva de imprensa, o procurador Júlio Motta Noronha afirmou ainda que a operação apura pagamentos feitos, principalmente, entre 2011 e 2013, mas que se estende a outros períodos.
Operação Dragão
A 36ª fase da Operação Lava Jato cumpre 18 mandados judiciais, sendo 16 de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, em cidades do Paraná, São Paulo e Ceará.
A ação foi batizada de Dragão, em referência aos registros na contabilidade de um dos investigados. Ele chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior, segundo a Polícia Federal.
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