Brasil

Águas-vivas deixam mais de 60 atletas feridos durante prova em Bertioga, SP

Atletas precisaram ser retirados do mar por causa das queimaduras.

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Outra edição da Maratona Aquática 14 Bis, em Bertioga (Foto: Arquivo/Prefeitura de Bertioga)

Dezenas de nadadores tiveram que ser retirados do mar às pressas após serem queimados por águas-vivas durante 49ª edição da Maratona Aquática 14 Bis em Bertioga, no litoral de São Paulo. A prova, considerada uma das mais tradicionais do Brasil, existe há 40 anos e envolve nadadores brasileiros e estrangeiros. Segundo a Base Aérea de Santos, que organizou a prova, mais de 60 pessoas ficaram feridas. Dezenas de atletas precisaram ser retirados do mar por causa das queimaduras, enquanto outros desistiram da competição para evitar o contato com o animal.

A competição contou com um percurso de 24 km. A largada foi da Praia da Enseada, em Bertioga, ao lado do Forte São João, às 8h, e a chegada aconteceu na rampa de acesso do Núcleo da Base Aérea de Santos (Nubast), em Guarujá. Segundo a organização do evento, 247 atletas estavam inscritos.

Por volta das 8h30, alguns atletas começaram a pedir atendimento médico. O tempo chuvoso possibilitou a ocorrência de muitas águas-vivas no Canal de Bertioga. Os animais tocaram vários nadadores que ficaram com queimaduras. O bote inflável da Defesa Civil, que prestava apoio durante a competição, retirou oito atletas que não estavam conseguindo nadar e levou para o posto de atendimento médico da prova.

“A gente acredita que as águas-vivas foram arrastadas para o Canal por causa da chuva. Eles apresentaram sintomas de ânsia de vômito, tremor pelo corpo e tiveram queimaduras leves. Aproximadamente 30 atletas desistiram porque viram o sofrimento intenso dos outros. Foi uma situação atípica”, conta o diretor da Defesa Civil, Plínio Aguiar.

Os casos não pararam de surgir no decorrer da prova e também no fim dela. A  tenente-médica Camila Ribeiro Perucchi, da Base Aérea de Santos, fez o atendimento de grande parte das vítimas. Ela calcula que mais de 60 atletas tiveram queimaduras por águas vivas. Segundo elas, entre os feridos, haviam homens e mulheres entre 16 e 60 anos, e de várias cidades do Brasil, como Rio de Janeiro e Porto Alegre.

“A outra médica atendeu entre 20 e 30 pessoas vítimas de águas-vivas Eu atendi 42 pessoas no posto médico, que fica na Base Aérea. As queimaduras eram nos braços, pernas e na face. Algumas pessoas tiveram que parar a prova com queimaduras no rosto e não conseguiram continuar. Outras desistiram, algumas nadaram e depois receberam atendimento”, diz a médica.

Segundo a médica, os atletas apresentavam dor por conta da queimadura, vômitos, espirros e alguns tiveram reações alérgicas devido à toxina da água viva. “Não se faz curativo, se lava com vinagre e faz uma analgesia. Alguns receberam soro e medicação. Foram poucos os que tiveram reação alérgica, foram mais queimaduras de primeiro grau. A incidência foi alta. Geralmente, nessa prova não tem isso”, afirma.

Prova
De acordo com a organização, a Maratona Aquática 14 Bis normalmente é realizada em novembro como continuidade das comemorações da Semana da Asa pela Aeronáutica. A prova exige muito preparo físico de seus participantes por conta da extensão. Há categorias masculino e feminino de várias faixas etárias.

Ainda segundo a organização, o Canal de Bertioga, onde é feita a prova, é aberto para o oceano em ambas as extremidades. Em função das marés, o canal fica enchendo por cerca de seis horas e depois vazando pelas seis horas seguintes. A largada da Maratona é dada no momento em que a maré está enchendo, momento no qual os atletas rumam de um extremo para o meio do canal, para que o efeito da maré ajude o nadador. Na segunda metade da prova, os atletas começam a sair do canal quando está esvaziando, o que impulsionando os atletas em direção a chegada.

Na prática, o comportamento das marés, os contornos do canal, o vento e o nível da água são algumas variáveis da prova que podem atrapalhar o atleta se ele não souber se adaptar as condições. Outro fator importante a ser considerado é a alimentação. Alguns atletas contratam uma equipe de apoio, com barco ou caiaque, que o acompanhará durante todo o trajeto.

Reprodução/G1