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Agentes da PF cumprem mandado de busca na casa de Palocci em Ribeirão

Há indícios de relação criminosa entre ele e o comando da Odebrecht, diz PF

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 src=Agentes da Polícia Federal (PF), cumprem um mandado de busca e apreensão na casa do ex-ministro Antônio Palocci, no bairro Parque Industrial Lagoinha, zona leste de Ribeirão Preto (SP), na manhã desta segunda-feira (26). Ele foi preso em São Paulo na 35ª fase da Operação Lava Jato.

Palocci foi ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e ministro da Fazenda no governoLula. Ele também foi vereador de Ribeirão na década de 1980 e prefeito da cidade por duas vezes, primeiro de 1993 a 1996, e depois entre 2001 e 2002, quando deixou o cargo para assumir o Ministério da Fazenda.

A prisão temporária do ex-ministro foi um pedido da PF, acatado pela Justiça. Ele foi detido em apartamento na Alameda Itu, no bairro Jardins, e será levado da PF de São Paulo para a carceragem da PF em Curitiba no ínicio da tarde.

As suspeitas sobre Palocci na Lava Jato surgiram na delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele disse que, em 2010, Alberto Youssef, que está preso em Curitiba, lhe pediu R$ 2 milhões da cota de propinas do PP para a campanha presidencial da ex-presidente Dilma Rousseff. O pedido teria sido feito por encomenda de Palocci.

Segundo a PF, há indícios de uma relação criminosa entre o ex-ministro com o comando da principal empreiteira do país. O investigado principal atuou diretamente como intermediário do grupo político do qual faz parte perante o grupo Odebrecht.

"Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o poder público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos", diz a PF.

As investigações apontam ainda que entre as negociações estão tratativas entre o grupo Odebrecht e o ex-ministro para a tentativa de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009, que resultaria em imensos benefícios fiscais, aumento da linha de crédito junto ao BNDES para país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais, além de interferência em licitações da Petrobras para aquisição de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal.

Busca e apreensão
Quandos os agentes da PF chegaram à casa da família de Palocci, na Rua Armando Tarozo, apenas o piscineiro Cleiton Cristian Fernandes estava no local. O funcionário disse que não havia ninguém no imóvel, e que vai ao local duas vezes por semana apenas para cuidar da área de lazer.

"Eu estava trabalhando, estava limpo a piscina dele, venho de segunda e quarta. Eu via ele só de vez em quando, a casa ficava sozinha, é difícil a gente ver ele aí. Eu só venho limpar a piscina mesmo, não tenho contato com ninguém", afirmou.

Logo depois, o advogado Guilherme Mundin Pocente chegou ao local se apresentando como representante da família. Ele afirmou que foi chamado somente para acompanhar as buscas na casa e não comentou a prisão do ex-ministro.

"Omertà"
Ao todo, foram a Justiça expediu 45 mandados judiciais, sendo 27 de busca e apreensão, três de prisão temporária e 15 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento, em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.

Batizada de Omertà, a 35ª fase da da Lava Jato faz "referência à origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência ao principal investigado da fase, bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht que, ao ser quebrado por integrantes do 'setor de operações estruturadas' permitiu o aprofundamento das investigações", diz a PF.

Além de Palocci, também foram presos temporariamente o ex-secretário da Casa Civil Juscelino Antônio Dourado e o empresário Branislav Kontic, que atuou como assessor na campanha de Palocci em 2006. Ambos serão levados para Curitiba.

Ainda conforme a nova enviada pela PF, outro núcleo da investigação apura pagamentos efetuados pelo chamado “setor de operações estruturadas” da Odebrecht para diversos beneficiários que estão sendo alvo de medidas de busca e condução coercitiva.

Reprodução: G1