Brasil

Aécio Neves entra com mandado de segurança no Supremo

O advogado Alberto Toron escreve que Aécio “não pode para fins processuais penais ser tratado como um funcionário público qualquer”

NULL
NULL

Senador entrou com pedido no Supremo para retomar as atividades parlamentares

A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) entrou nesta segunda-feira (2) com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão via liminar (decisão provisória) de seu afastamento das atividades legislativas, determinada pela Primeira Turma da Corte na semana passada, quando foi imposto também o recolhimento domiciliar noturno contra o parlamentar. No pedido, o advogado de Aécio, Alberto Toron, pede que o afastamento seja suspenso ao menos até que seja julgada a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) sobre a necessidade ou não de aval do Legislativo para que o Judiciário possa aplicar medidas cautelares contra parlamentares.

A ADI foi pautada para o próximo dia 11 de outubro pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, após o relator da ação, ministro Edson Fachin, ter liberado, na última sexta-feira, o processo para julgamento pelo plenário do STF. O assunto colocou os Poderes Judiciário e Legislativo em oposição após o Senado ter aprovado, na sexta-feira, um requerimento de urgência para que o plenário da Casa revise a decisão sobre o afastamento de Aécio.

Hoje, após reunião de quase duas horas com a ministra Cármen Lúcia , o presidente do Senado, Eunício Oliveira, confirmou que a votação sobre o afastamento de Aécio está confirmada para esta terça-feira (3). O senador no entanto, admitiu que a votação poderia ser revista em caso de uma decisão liminar sobre o assunto no STF.  Minutos depois  da declaração, o mandado de segurança foi protocolado na Corte.

Um relator para o pedido da defesa de Aécio ainda não foi escolhido, mas o sorteio excluirá os ministros da Primeira Turma, composta por Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. 

Senador entrou com pedido no Supremo para retomar as atividades parlamentares

No processo, o advogado Alberto Toron escreve que Aécio “não pode para fins processuais penais ser tratado como um funcionário público qualquer”, entre outros argumentos. “É que a Constituição Federal o desequipara, dotando-o de prerrogativas especiais. Se ele não pode ser preso, é de se perguntar a medida, que é alternativa à prisão, pode lhe ser imposta?”, indaga.

PSDB

Em um segundo mandado de segurança, também protocolado nesta segunda-feira, o PSDB pede que o STF conceda uma liminar para suspender em definitivo o afastamento de Aécio, considerando-o ilegal.

“Como exposto, a Constituição Federal não admite a interferência do Poder Judiciário a ponto de afastar, cautelarmente, um parlamentar de suas atividades públicos, quer por desrespeitar os direitos políticos do eleito, quer por se substituir à competência exclusivo do Poder Legislativo de cassar o mandato de seus pares por ato praticado no exercício do mandato”, escreveu o partido.

Rodrigo Maia

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia também foi recebido pela presidente do STF, mas entrou e saiu do encontro sem dar nenhuma declaração à imprensa.

Denúncia

Aécio Neves foi denunciado ao STF pelos crimes de obstrução da Justiça e de corrupção passiva pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A denúncia baseia-se nas investigações da Operação Patmos, pelas quais o político mineiro chegou a ser afastado do seu cargo no Senado. Aécio foi um das pessoas citadas nas delações premiadas dos executivos da companhia JBS.

Além dele, também aparecem no áudio a sua irmã, Andrea, seu primo, Frederico Pacheco, e o ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (PMDB) Mendherson Souza Lima. Os três também foram denunciados por Janot, mas apenas por corrupção passiva.

Para que a denúncia fosse realizada foi fundamental a gravação do dono da JBS, Joesley Batista, na qual Aécio pede ao empresário R$ 2 milhões para poder pagar um advogado para defendê-lo na Operação Lava Jato. Além disso, também contribuiu para a denúncia a gravação feita pela Polícia Federal, permitida do STF, da entrega de uma parcela de R$ 500 mil do total ao primo de Aécio pelo diretor da companhia, Ricardo Saud.

Reprodução: Jornal do Brasil