Presidente licenciado do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) anunciou nesta quinta-feira (3), em uma entrevista coletiva em Brasília, que o senador Tasso Jereissati (CE) permanecerá na presidência interina da legenda, pelo menos, até o fim do ano.
Tasso assumiu o comando tucano interinamente em maio, depois que Aécio foi citado por delatores do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS.
Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador mineiro chegou a ser afastado do mandato no Senado, mas retornou às atividades parlamentares no final de junho.
A decisão, segundo o senador mineiro, foi tomada após consulta a vários caciques do PSDB, entre os quais o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PB), o líder da legenda no Senado, Paulo Bauer (SC), além de governadores tucanos.
Aécio ainda afirmou aos repórteres que os dirigentes tucanos elaboraram consensualmente um cronograma para que, “até o fim do ano”, sejam convocadas eleições municipais, estaduais e para a direção nacional do partido. Enquanto isso, ele continuará licenciado da presidência da sigla.
“Fiz hoje de manhã um apelo ao senador Tasso Jereissati que, ao meu ver, é quem tem as melhores condições, mesmo do ponto de vista pessoal, tendo demonstrado um grande desprendimento, inclusive, de deixar a presidência do partido. Fiz a ele um apelo em nome da unidade do partido para que o senador Tasso Jereissati continue como presidente do partido”, relatou Aécio aos jornalistas.
“Tasso tem as melhores condições para conduzir a renovação do PSDB e a sua reinserção em setores importantes da sociedade”, acrescentou o parlamentar de Minas.
Eleições de 2018
Aécio disse ainda que, caso haja mais de um pré-candidato tucano à presidência da República no ano que vem, a nova direção do partido vai convocar, entre fevereiro e março de 2018, uma consulta prévia para definir quem irá concorrer ao Palácio do Planalto pelo PSDB.
O senador mineiro foi questionado durante a entrevista sobre se as investigações das quais é alvo na Lava Jato pesaram na decisão de permanecer afastado do comando do PSDB. Ao responder, Aécio se limitou a dizer que essa questão está sendo resolvida na Justiça.
De acordo com Tasso Jereissati, Aécio continuará licenciado da presidência da sigla. O senador do Ceará ressaltou que vai conduzir a transição até a eleição da nova diretoria.
“Agora, a condução do partido nesse período de transição, que termina no fim do ano, e que nós vamos desembocar com a eleição do novo diretório, de um novo presidente, nova executiva, em todos estados, passando por uma ampla rediscussão dos ideais do partido, dos princípios, passando por uma autocrítica sobre onde nos desviamos desse partido, uma revisão e um novo programa, isso será conduzido por mim de acordo com toda a cúpula do partido”, destacou Tasso.
Governo Temer
Em meio à coletiva, tanto Aécio quanto Tasso evitaram falar sobre permanência e cargos do PSDB no governo do presidente Michel Temer.
Defensor da permanência da sigla na Esplanada dos Ministérios, Aécio iniciou a coletiva dizendo que a divisão do PSDB na votação da denúncia contra Temer na Câmara nesta quarta (2) é uma “virtude” tucana.
Dos 47 deputados da legenda, 21 votaram contra o presidente da República, 22 a favor de Temer e 4 não compareceram à sessão, beneficiando o peemedebista, na medida em que ausências e abstenções dificultavam a tarefa da oposição de atingir 342 votos contrários ao relatório que recomendava o arquivamento da acusação de corrupção passiva.
“Aquilo que é visto como algo negativo, que foi o resultado dividido da bancada na Câmara, eu vejo como uma grande virtude”, declarou Aécio.
Ao comentar as pressões de aliados do Planalto – especialmente partidos do chamado "Centrão" – para que Temer reduza o espaço do PSDB no governo, o presidente licenciado do PSDB classificou de "secundária" essa discussão sobre cargos no Executivo federal.
“Isso [cargos] pertence ao presidente da República, que fará aquilo que achar mais adequado em relação aos cargos do PSDB. Não é uma preocupação que nós temos”, enfatizou Aécio.
Na mesma linha, Tasso declarou que, “independentemente de qualquer coisa”, o PSDB vai continuar apoiando as reformas, citando a da Previdência, a política e a tributária.
“Não precisamos de cargos no governo para continuar fazendo isso [apoiar o governo]. O presidente da República é livre, tem o direito, e deve escolher aquilo que entende melhor para o seu governo. Se ele quiser tirar ministro ou colocar ministro, não é problema nosso”, avaliou Tasso.
Reprodução/G1