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295 presos são recapturados após fuga no interior de SP

SAP diz que 295 fugitivos do CPP foram recapturados até a noite de quinta

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Interior de prédio pega fogo no CPP de Jardinópolis, SP, durante rebelião (Foto: Reprodução/EPTV)

Dois fugitivos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Jardinópolis (SP) afirmaram que a rebelião na unidade prisional foi causada pela insatisfação dos presos com as medidas punitivas adotadas pela direção do presídio, como a suspensão das visitas.

A dupla foi recapturada junto com outros dois detentos em um canavial, quase oito horas após a fuga em massa. O número exato de presos que fugiram não foi informado, mas 295 já haviam sido recuperados até a noite de quinta-feira (29), segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).

Questionada sobre as punições denunciadas pelos detentos, a SAP não comentou o assunto até as 8h20 desta sexta-feira (30).

“Eles estão cortando a nossa visita sem motivo nenhum. Batem em nós. Qualquer coisa, eles cortam a nossa visita. Querem ficar batendo em nós, arrastar nós para o [regime] fechado. Não tem nada de benefício na cadeia”, disse um dos presos.

O homem contou que o motim teve início porque no início da manhã de quinta-feira todos os presos foram colocados no pátio para a revista de rotina, sem agasalhos e sem terem recebido o café da manhã, o que gerou descontentamento.

“Eles fizeram a gente levantar cedo, na contagem, deixaram no frio, sem manta, sem nada, não pagaram nosso café. Do nada o negócio virou. Lá, a gente estava sem a nossa visita. A gente estava sendo prejudicado”, afirmou.

O outro detento confirmou a versão e destacou que o grupo não tinha a intenção de fugir, uma vez que cumprem regime semiaberto. Ele e os outros três fugitivos que foram recapturados estavam deitados no canavial, quando foram flagrados pela Polícia Militar.

“Está a maior pressão lá. Naquela cadeia não dá para ficar. A gente só fugiu… Não é culpa nossa, não. Todo mundo se rebelou. A gente não sabe como a gente ia estar lá, se a gente ficasse lá. A gente não sabe o que ia acontecer. É tudo louco, nós saímos correndo”, disse.

A rebelião
O tumulto começou durante uma revista de rotina, por volta de 9h de quinta-feira. Segundo a SAP, não houve reféns e a situação foi controlada pelo Grupo de Intervenção Rápida da SAP, com apoio da PM.

Os presos atearam fogo em colchões de um dos pavilhões do presídio, derrubaram uma grade de quatro metros de altura e fugiram a pé pela Rodovia Cândido Portinari (SP-334). Segundo a PM, alguns se esconderam no meio de um canavial, onde havia um incêndio.

Oito detentos ficaram feridos e foram levados a hospitais de Ribeirão Preto (SP) e de Jardinópolis. Um corpo carbonizado também foi encontrado entre a plantação e, segundo o delegado César Augusto de França, há a suspeita de que seja de um dos fugitivos.

De acordo com testemunhas que pescavam no Rio Pardo, próximo à rodovia, quatro presos chegaram até as margens do rio e pularam na água. Três deles conseguiram atravessar até o outro lado nadando e um deles sumiu.

Reprodução/G1