Vale a pena conhecer!

Exposição 'Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira' chega a Salvador e celebra a cultura, arte e resistência negra

O PS Notícias participou de uma visita mediada pelo curador Deri Andrade que destacou o processo artístico da exposição

Foto: Letícia Carvalho/PS Notícias
Foto: Letícia Carvalho/PS Notícias

A exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira chega a Salvador neste sábado (29), no dia do aniversário da cidade, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB). O PS Notícias participou de uma visita mediada pelo curador Deri Andrade que destacou o processo artístico da exposição.

“Para a gente é uma honra trazer Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira aqui para Salvador, é muito especial para a gente desenvolver essa pesquisa aqui. É uma exposição que abre, inclusive, no dia do aniversário da cidade, no dia 29 de março. e é uma mostra que foi pensada muito especialmente para esse espaço aqui do MUNCAB, porque ela amplia seu número de artistas, ela traz 12 artistas baianos, para que o público baiano também conheça essa produção de arte no Brasil, e também traz algumas obras da coleção do MUNCAB, para que o público também tenha acesso a esses trabalhos”, destacou o curador.

Com 69 artistas de todo o Brasil e cerca de 150 obras, a mostra traça um panorama da produção artística negra no Brasil, reunindo desde nomes históricos até expoentes contemporâneos. 

Deri ainda contou que a exposição vai ficar em cartaz há cinco meses:

“A exposição fica em cartaz aqui no MUNCAB até 31 de agosto, então a gente tem aí cinco meses pela frente de oportunidade para que o público conheça essa produção, conheça esse museu também, caso não tenha vindo ainda, e conheça essa pesquisa que faz parte do Projeto Afro, que é essa plataforma que eu pesquiso, que mapeia artistas negros em todas as regiões do Brasil”.

A disposição das obras da exposição segue a estrutura já apresentada em outras capitais, mas a conexão com  Salvador imprime novos sentidos à mostra. A expografia, concebida pelo arquiteto e cientista social Matheus Cherem e realizada com a produção técnica e executiva de Vinícius Andrade e Vitória Mazzaro, desafia o cubo branco e o padrão estéril do mercado de arte, propondo um espaço de troca e sociabilidade.

No labirinto expositivo, o corpo é central, convidando o público a explorar movimentos e possibilidades, com múltiplas leituras e experiências sem caminhos predefinidos.

A mostra reúne obras que conectam tradição e contemporaneidade para visibilizar a identidade negra em diversas linguagens artísticas, como pintura, escultura, fotografia, instalação e vídeo.

As obras estão organizadas em cinco eixos curatoriais: Tornar-se, Linguagens, Cosmovisão, Orum e Cotidianos, abordando temas como autorretrato, movimentos artísticos, política, espiritualidade e representatividade.

Mais um ano próspero para fazer florescer o jardim

Um dos artistas da exposição, Guilherme Almeida, explicou ao PS Notícias sobre sua obra, chamada de ‘Mais um ano próspero para fazer florescer o jardim’, inspirada em uma série, destacando a negritude com a presença das flores e natureza.

É uma obra que é fruto de uma série onde eu chamo O Negro, que é o nome da série, né? Que é uma série para falar sobre afeto, educação, cuidado e principalmente a presença, né? É uma série que eu trato famílias negras de uma forma positiva, onde eu vou trazer elementos da família com muita frequência, cenas de aniversários, de festa, de um dia das mães, um dia dos pais, e que eu tenho como referência as minhas próprias fotos de quando eu era criança. Então, essa pintura é fruto de uma fotografia minha do meu aniversário. Na verdade, eu sou essa figura que está no canto, bem escondida, e no meio está o meu primo, fica parecendo que é o aniversário dele. Mas um elemento muito importante dessa série também é a presença das flores. É uma série onde eu inicio a pintar elementos da natureza, as flores e vegetação, e trago elas como esse símbolo também do cuidado, do crescimento, da delicadeza. Então, esse bolo de flores, ele vem nesse sentido, é trazer uma ligação familiar com a ligação da natureza”, relatou.

Parceria entre o  CCBB e o MUNCAB

Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira é realizada pelo CCBB e o Muncab. O projeto, patrocinado pelo Banco do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, possui apoio da BB Asset, tem concepção assinada pelo Projeto Afro e produção da Tatu Cult.

A exposição no MUNCAB acontece em um momento importante para o museu. Em 2025, a instituição receberá mais de 700 obras de arte afro-brasileiras repatriadas dos Estados Unidos.

Assim, Jamile Coelho, diretora do MUNCAB, destaca a importância da parceria e o impacto da exposição para o museu e a cena artística de Salvador.

“A exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira afirma a arte negra como eixo central, não desvio. Sua itinerância para Salvador, a cidade mais negra fora da África, fortalece esse enraizamento e amplia o acesso a narrativas antes marginalizadas. O MUNCAB recebe a mostra como parte de sua missão de preservar, promover e difundir as expressões afro-diaspóricas”.

Além disso, Júlio Paranaguá, a itinerância reforça o compromisso do CCBB Salvador com a valorização da cultura afro-brasileira e o acesso democrático à arte.

“O CCBB tem como missão ampliar o acesso à arte e à cultura, e trazer ‘Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira’ para Salvador é um marco. A mostra oferece um olhar necessário e abrangente sobre a produção de artistas negros no Brasil, promovendo reflexões sobre representatividade e história. É uma honra contribuir para essa circulação e possibilitar que um público cada vez maior tenha contato com esse acervo”.

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