Alto custo!

Especialista diz que reparo em teto da 'Igreja de Ouro' deve levar pelo menos 5 anos e custar mais de R$ 10 milhões

“Provavelmente, não será só a parte que caiu que precisará de reparo"

Foto: Divulgação/Codesal
Foto: Divulgação/Codesal

As obras de reparo do forro do teto central da Igreja de São Francisco de Assis não devem ser concluídas em breve. A estrutura, feita de madeira entalhada e folheada a ouro, desabou na última quarta-feira (5) no Pelourinho, resultando em uma vítima fatal e cinco pessoas feridas. Segundo José Dirson Argolo, artista plástico, professor e restaurador com mais de 40 anos de experiência, o conserto do teto deve levar pelo menos cinco anos e custar mais de R$ 10 milhões. As informações são do Correio.

“Provavelmente, não será só a parte que caiu que precisará de reparo. O restante da estrutura também pode estar comprometido, assim como a talha dourada e os altares, que há anos necessitam de uma restauração profunda. […] Será necessário contar com uma equipe interdisciplinar, formada por engenheiros, arquitetos e restauradores experientes, para tentar recompor tudo com o máximo de originalidade”, afirma José Dirson ao Correio.

A estimativa de tempo apresentada pelo especialista leva em conta a restauração que ele fez, ao longo de 11 anos, na Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, localizada no bairro de Nazaré. A obra incluiu a restauração de todo o telhado e a instalação de um sobreforro, pois, na época, o templo estava à beira de desabar. “Havia risco iminente de desabamento do forro devido a problemas com cupins. Toda a estrutura foi desmontada”, relembra o restaurador.

Custo

A restauração da Igreja de Sant’Ana custou cerca de R$ 10 milhões na época. José Dirson observa que o templo era bem mais simples, por isso, se considerarem a restauração da Igreja de São Francisco de Assis hoje, o custo será incalculável, dada a riqueza, a dimensão e a complexidade do espaço. Apesar do alto custo provável, o restaurador defende que uma restauração completa seria o procedimento correto.

“É possível que o problema no forro tenha sido causado pela umidade e infiltração, o que enfraqueceu a estrutura de madeira, favorecendo o surgimento de cupins. Por isso, é fundamental realizar uma vistoria. Quando iniciarem a reconstrução do forro, não será suficiente consertar apenas a parte que caiu. O restante provavelmente terão que desmontar e remontar. Isso exigirá muitos carpinteiros, entalhadores, restauradores de arte, arquitetos, engenheiros e estruturalistas. Não será um trabalho barato”, reforça José Dirson.

Ele conta que, há cerca de 15 anos, realizou uma reforma nas talhas dos altares laterais da Igreja de São Francisco de Assis e nunca percebeu irregularidades no forro. Além disso, sugere que o ideal seria realizar uma vistoria a cada dois anos nesses espaços, uma vez que tendem a apresentar problemas ao longo do tempo, como infiltrações e falhas na fiação elétrica.

Restauração completa da igreja

O especialista afirma que, se realizarem a restauração completa, a igreja levará mais de 15 anos para ficar pronta. Durante esse período, no entanto, seria possível abrir o espaço para visitas nas áreas que não estivessem em obras. Ele também acredita que é viável entregar um novo forro com a mesma qualidade e estética do original.

José Dirson conclui que devem recolher todos os fragmentos encontrados no chão para avaliar o que podem reaproveitar, garantindo o máximo de qualidade na recomposição. “É possível entregar tudo com a mesma beleza e autenticidade, pois existe muita documentação sobre o forro original”.

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