Diversidade no cenário

Criada na Liberdade, Editora Organismo celebra 12 anos com foco na literatura negra e independente

Lançamento literário e roda com escritoras negras compõem a agenda

Foto: Divulgação
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Fundada no emblemático bairro da Liberdade, em Salvador (BA) — território de forte presença afrodescendente, rica diversidade cultural e intensa vida comunitária —, a Editora Organismo celebra 12 anos de atuação em 2025. De forma autônoma, a editora construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com a diversidade no cenário editorial, destacando-se pela valorização de autorias negras e pela defesa de espaços democráticos de produção e circulação literária.

Com mais de 120 títulos publicados, sendo mais de 80% de escritoras e escritores negros, em sua maioria mulheres, a Organismo já conquistou reconhecimento nacional, com obras finalistas de prêmios como o Jabuti e o Oceanos. Títulos da editora também foram indicados para leitura no vestibular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e traduzidos para fora do Brasil.

Agenda comemorativa

Para celebrar essa história, a Organismo promove uma agenda comemorativa com entrada gratuita, reunindo vozes literárias potentes e lançando novos olhares sobre a produção editorial negra contemporânea.

Abrindo a programação, o lançamento do livro Modernismo Negro, de Jorge Augusto acontece no dia 17 de abril, às 18h30. A obra propõe uma releitura da modernidade brasileira a partir de perspectivas negras e periféricas, tendo como ponto de partida a literatura de Lima Barreto. O título integra a coleção “NaEncruza”, da Editora Segundo Selo, braço editorial da Organismo.

A noite contará com pocket show de Silvana Carvalho e Daniel Santana, leitura de trechos da obra e bate-papo com o autor e convidados. São eles: Fernanda Miranda, Henrique Freitas e Osmundo Pinho, com mediação da escritora Vânia Melo. O livro estará à venda no local.

“A editora completa 12 anos atravessando os mesmos desafios enfrentados pela classe trabalhadora, pela população negra e demais grupos minoritários, neste país: a luta diária pela existência. Ao mesmo tempo em que resiste, a Organismo constrói uma história importante para a publicação negra e periférica na Bahia e no Brasil. Lançar Modernismo Negro é entrelaçar os projetos intelectuais de editor e de crítico, pensando a modernidade brasileira a partir de territórios periféricos — olhares que sustentam as linhas editoriais da Segundo Selo e da Organismo”, afirma Jorge Augusto.

Encerrando a agenda comemorativa, no dia 22 de abril será realizada a roda literária “Ciranda DasPretas: outros versos da Bahia”. As escritoras Silvana Carvalho, Anajara Tavares, bem como Vânia Melo, Kota Gandaleci e Patrícia Silva, sob mediação da professora Ana Carla Portela, marcarão presença. O encontro celebra o legado coletivo e a força da escrita negra feminina no estado.

“Mesmo diante de tanto trabalho, ainda é comum que eventos literários resistam em incluir editoras baianas. A ausência de políticas públicas efetivas voltadas ao fortalecimento do livro e da leitura fragiliza a atuação de várias editoras do estado. Ainda hoje, autores e editoras do Sul e Sudeste seguem sendo mais valorizados do que a prata da casa”, pontua Fernanda Santiago, editora da Segundo Selo.

Portanto, ambos os eventos acontecem na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, sempre às 19h, com entrada gratuita. Assim, a programação convida o público a reconhecer e celebrar o protagonismo editorial negro baiano, um movimento literário forjado em afeto, resistência e coletividade.

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