Iniciado o período de Quaresma e com a aproximação da Semana Santa, é comum que dúvidas sobre o período religioso surjam ao longo dos meses em que acontecem as tradições. Entre os questionamentos, descobrir se a Semana Santa faz parte, ou não, da Quaresma.
A Quaresma é uma tradição entre religiões adeptas ao cristianismo, ou seja, católicos, luteranos, ortodoxos e anglicanos. O período religioso marca os 40 dias que antecedem a Páscoa e a contagem tem início na Quarta-feira de Cinzas.
O Padre Manoel de Oliveira Filho, vigário episcopal do Vicariato Episcopal para Cultura, Educação e Comunicação, expõe o preparo para o período da Quaresma.
“A gente se prepara com oração, jejum e caridade. São os chamados exercícios quaresmais, uma proposta metodológica e mistagógica, um caminho do mistério da fé nas coisas de Deus para nos fazer chegar bem preparados para celebrar a Páscoa”, aponta o padre.
O período litúrgico é considerado uma escola espiritual para a Igreja Católica, já que é comum o incentivo para os fiéis revisitar as verdades fundamentais da fé, o desapego do supérfluo e aprofundar a vida de comunhão com Cristo.
Através da liturgia e das práticas quaresmais, os religiosos são chamados para viver a preparação junto com a Igreja, caminhando em direção à ressurreição, que segundo a crença dá sentido à vida cristã.
Coroação
Já a Semana Santa é considerada pelos cristãos a coroação do tempo da Quaresma, ou seja, é uma comemoração que faz parte do período quaresmal.
Porém, a Semana Santa não é em si a Quaresma, mas como dito, faz parte do Tempo Quaresmal. Para os critãos, é um tempo dedicado à reflexão, tomar consciência do que está prestes a acontecer.
Os fiéis se voltam para Cristo, para a gratidão de amor que se dará na Cruz pelos pecados e reconhecer quão grande é o amor de Deus que os salvou através da crucificação.
O Padre Manoel de Oliveira aponta que a Semana Santa é a Semana Maior para os Cristãos, é o período de celebração dos mistérios da salvação dada por Cristo.
“Nós cristãos acreditamos que a salvação foi dada por Cristo, as portas do céu foram abertas por Cristo e ele pagou um preço caro por isso derramando até a última gota de sangue e ele ressuscitou. Ele está vivo. A morte não foi a última palavra definitiva. É isso que nós celebramos, é isso que representa. É importante salientar que celebrar é mais do que lembrar. Celebrar é atualizar. Ao celebrarmos a morte e a ressurreição de Cristo, nós atualizamos esses mistérios em nossas vidas”
Origem e propósito da Quaresma
A Quaresma tem sua origem nos primeiros séculos do Cristianismo, quando a Igreja Católica instituiu um tempo de penitência e preparação para a Páscoa, inspirado nos quarenta dias de jejum de Cristo no deserto.
Inicialmente, foi um período de intensa formação para os que seriam batizados na Vigília Pascal, mas logo tornou-se um chamado universal à conversão para todos os fiéis.
Ao longo da história, a Igreja consolidou a Quaresma como um itinerário espiritual de convite aos cristãos para o arrependimento e conversão a Deus. Durante o período é comum que os fiéis façam essa conversão pela prática do jejum, da esmola e da oração, considerados os pilares da tradição.
“A quaresma é um convite para treinarmos para o nosso dia a dia. A quaresma é tempo de avaliar como está nossa vida, o que precisa ser retirado e colocado para que nossa vida melhore? O grande hábito da quaresma é a reflexão”, explica Padre Manoel de Oliveira.
A celebração dos domingos da Quaresma
O primeiro domingo de celebração é marcado pelas leituras da Bíblia que destacam a luta contra a tentação e o convite à conversão. A ênfase está na luta espiritual e no autodomínio, quando cristãos são chamados a resistir às tentações e buscar uma vida de fidelidade a Deus.
Já o segundo domingo se dedica ao estudo sobre a transfiguração de Cristo e os cristãos reforçam a importância da fé na transformação espiritual. A liturgia convida os fiéis a refletirem sobre o caminho de transformação que Cristo propõe. A ênfase está na esperança e na luz divina, que os orienta para uma vida nova.
O terceiro domingo de Quaresma se debruça sobre refletir sobre a água viva, que para os cristãos é o próprio Cristo, e o arrependimento genuíno.
O penúltimo domingo promove a reflexão dos fiéis sobre a cura espiritual e o convite à reflexão profunda sobre a misericórdia de Deus. Para fechar a programação, o quinto e último domingo da Quaresma trata sobre ressurreição e a vida eterna em Cristo, reforçando a esperança dos cristãos de que, com Cristo, a morte não tem a última palavra.
Além das missas e atividades tradicionais, o Padre indica outras atividades para os cristãos ao longo do período quaresmal.
“É importante participar das celebrações nas paróquias e o jejum da Sexta Feira Santa. Existem outras atividades que são indicadas como a participação da via sacra, participação em momentos de adoração, confissão, ao menos na Páscoa do Senhor, a igreja indica para passar da morte do pecado à vida da graça em Deus”, explica Padre Manoel.
A Semana Santa
As comemorações da Semana Santa começam no Domingo de Ramos e termina no Domingo de Páscoa, e nela se comemoram os mistérios da salvação a partir da recordação da última semana da vida de Jesus Cristo.
A celebração cristã tem origem ainda no século IV, quando a Igreja Católica escolheu o período como uma forma de lembrar os eventos que levaram à crucificação de Jesus. Mesmo séculos depois, o evento continua sendo considerado uma das principais datas do calendário cristão.
As principais tradições da Semana Santa incluem o jejum, a abstinência de carne, as procissões e as encenações da Paixão de Cristo. Durante a Semana Santa, muitos cristãos também se envolvem em atividades de caridade e solidariedade, buscando ajudar os mais necessitados.
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