Oficialmente, Marco Polo Del Nero está suspenso de todas as atividades do futebol, nacional e internacional. Não pode ir até seu escritório na CBF nem despachar, muito menos organizar uma eventual eleição. Mas o dirigente, mesmo à distância, continua no comando da entidade, com o respaldo de sua diretoria que foi montada estrategicamente antes de ser afastado.
No final de 2017, a Fifa o afastou por suspeitas de corrupção e, até abril, irá julgá-lo. Por considerar que é inocente, Marco Polo Del Nero diz internamente que vai provar que não existe nada contra ele e que o exame é a chance para que o caso seja esclarecido.
Quem ocupa a presidência da CBF oficialmente é o coronel Antônio Nunes, vice-presidente e aliado de Marco Polo Del Nero. Mas todas as decisões, técnicas e políticas, ainda passam pelo presidente afastado, que despacha à distância e graças a uma rede de contatos “discretos”. Nunes apenas assina os documentos.
Até a relação entre CBF e Fifa foi mantida. Em dezembro, depois de dois anos de suspensão de pagamentos, a entidade em Zurique, na Suíça, voltou a fazer depósitos de prêmios atrasados e contribuições anuais. A entidade havia bloqueado qualquer tipo de pagamento desde 2015, quando José Maria Marin foi preso e Del Nero indiciado nos Estados Unidos.
Marco Polo Del Nero também é quem determina quando ocorrerá a próxima eleição na CBF. Por enquanto, o projeto de realizar a votação em abril deste ano está descartado. Se eventualmente for inocentado, ele voltaria ao poder em maio. Mas evitaria um pleito às vésperas da Copa do Mundo – ele pode acontecer até abril de 2019.
Caso seja banido, a eleição ocorreria entre o final de 2018 e início de 2019. Mas Marco Polo Del Nero já deu indicações de que o sucessor passará por seu crivo. O objetivo é colocar uma pessoa que o possa blindá-lo em caso de pressão da Justiça no Brasil. Procurada, a CBF não retornou. A Fifa promete levar o caso para o Comitê de Disciplinar.
Estadão Conteúdo // AO