O eleitor baiano vai assistir em 2018 um duelo eleitoral entre os dois principais protagonistas políticos do estado: o governador Rui Costa, petista que busca a reeleição, e o prefeito de Salvador ACM Neto, do DEM, que está em seu segundo mandato consecutivo na prefeitura e almeja chegar ao Palácio de Ondina.
As questões que enfrentarão – explicam os cientistas políticos e professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Joviniano Neto e Paulo Fábio Dantas Neto, em seus artigos escritos com exclusividade para o Portal A TARDE – não se restringem à política local e suas alianças.
Passam por questões nacionais, como o governo do presidente Michel Temer (PMDB) com suas reformas impopulares e o suspense em torno da candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, ameaçado por condenações judiciais na Operação Lava Jato.
Rui Costa e ACM Neto ocupam posição diferente no espectro político – um se diz mais à esquerda, com foco em programas sociais; e outro mais à direita, com olhar liberal em que a economia é tida como a base do desenvolvimento. Ambos têm suas gestões bem avaliadas pelo eleitor.
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisa, divulgada em 30 de novembro deste ano, mostra Neto com a aprovação de 70,8% dos entrevistados. Rui vem um pouco atrás, com 65,7%.
A pesquisa mostra, ainda, que se a eleição fosse hoje, o democrata venceria o petista. Neto tem 49% das intenções de votos para a sucessão estadual e Rui, 33,7%. Mas quando se considera que o ex-governador Jaques Wagner (PT) lidera para o Senado, com mais de 40,6%, e Lula para presidente com 49%, o cenário embola.
Os números, é verdade, refletem o ânimo do eleitor no fim de 2017 – dez meses antes do pleito, o que quer dizer que ainda há muita água a rolar – mas servem de balizador para a melhor estratégia a ser seguida para derrotar o adversário.
Nesta fase de pré-campanha, tanto Rui como Neto se esforçam para não dispersar a base enquanto costuram acordos para a composição da chapa.
Rui, por exemplo, busca evitar que aliados importantes, como o PR e o PP (do vice-governador João Leão), debandem para o lado do democrata, e ao mesmo tempo, tenta aplacar a sanha pelas duas vagas ao Senado. Se PR, PP e PT desejam estar na chapa, também correm por fora o PSD, do senador Otto Alencar, e o PSB, da senadora Lídice da Mata.
Rui contemporiza: “O que posso adiantar é que é da tradição do nosso partido (o PT) ouvir os aliados, conversar e buscar o entendimento que aglutine a posição da maioria. Agora, todo mundo sabe que há uma limitação de ordem prática, pois são poucas vagas. Portanto, vamos ter muita cautela, mas a palavra de ordem é consenso”, explicou.
Já ACM Neto enfrenta o enfraquecimento do MDB, com a prisão na Operação Tesouro Perdido do seu principal líder, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, e a investigação do irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, no mesmo processo de Geddel.
Neto minimiza o fato: “O PMDB é maior do que a figura de A, B ou C” , tem dito o prefeito quando indagado sobre eventuais prejuízos gerados pelos irmãos Vieira Lima à sua candidatura.
Em tempo: o vice de Neto, Bruno Reis, assim como o vice de Zé Ronaldo, em Feira de Santana, Colbert Martins, são do MDB. Se Neto sai para o governo e Zé Ronaldo disputa o Senado na chapa do democrata, os dois assumem as respectivas prefeituras.
O prefeito e o governador também aguardam as definições das coligações nacionais e dos nomes dos candidatos à Presidência que serão colados à imagem do petista e do democrata na campanha eleitoral do próximo ano.
Por ora, Neto tenta se desvincular de Temer, que é fiador de reformas impopulares, como a Trabalhista e a da Previdência, enquanto Rui enfrenta a dúvida se contará com o Lula – o seu principal cabo eleitoral.
O ex-presidente petista, que já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e meio meses de prisão no caso do Tríplex do Guarujá, será julgado em janeiro pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Porto Alegre. Se for condenado pela segunda vez, Lula poderá ficar impedido de disputar a eleição de 2018.
Enquanto o cenário eleitoral não se define, os dois pré-candidatos ao governo da Bahia não perdem tempo. Nos últimos meses, passaram a cumprir um ritmo frenético de inaugurações e compromissos políticos.
Há uma briga explicita para mostrar quem faz mais. Na lista de realizações estão novos hospitais, praças, escolas, policlínicas, restauração asfáltica em bairros e rodovias, entregas de casas populares, assinatura de ordens de serviços, ampliação do metrô e várias obras viárias na capital e no interior. Uma agenda político-eleitoral que dado brecha a muita troca de farpas entre os dois.
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