Um dos maiores boxeadores da história do país, Acelino Popó Freitas se despediu, na madrugada desde domingo, do esporte com vitória. Aos 42 anos, ele derrotou, por pontos, o mexicano Gabriel "El Rey" Martinez. Em um combate realizado em Belém, do Pará, o baiano saiu vitorioso por decisão unânime. Nos oito combates, as pontuações dos três juízes foram 75×74, 76×73 e 75×74.
– Quarenta e dois anos não é mais trinta e dois, foi bom parar assim. Se a gente para com nocaute seria golpe de sorte, ficaria com um gosto de quero mais, mas quis trazer um adversário bom, a vitória foi valorizada. Obrigado a todos. Se a gente não fizer as loucuras, nunca vamos saber quem verdadeiramente somos – disse Popó.
Entre 1999 e 2004, Popó foi detentor do cinturão, e ainda ficou consagrado por fazer a defesa do título por dez vezes. No dia 7 de agosto de 2004, perdeu sua primeira luta na carreira, ficou sem o cinturão, mas ainda o reconquistaria anos depois. Em 2007 anunciou sua primeira aposentadoria. Agora, encerrou a carreira com 43 lutas, com 41 vitórias.
– A minha história está aí para ser contada para meus filhos, netos e bisnetos. Já bati o suficiente, agora é voltar para casa – disse o boxeador.
Popó começou muito bem a luta, chegou a vencer o primeiro round com tranquilidade, mas depois sofreu bastante. No segundo round, o mexicano chegou a derrubar o brasileiro. Popó se recuperou, viu o rival ser punido e, ao término do combate, saiu vitorioso.
Primeiro roud
Com trinta segundos de luta, Popó já deu mostras que liquidaria com o adversário, acertando uma sequência de golpes. A torcida já começou a berrar "Uh, vai morrer". O brasileiro ainda acertou uma direta que levantou o público.
Segundo round
No primeiro minuto, Popó soltou uma série de golpes contra o mexicano, a torcida levantou, mas ainda não foi naquele momento que o rival foi ao chão. No segundo minuto, o brasileiro deu um cruzado de direita que voltou a castigar o mexicano. No fim do assalto, o mexicano conseguiu um golpe, o brasileiro caiu, o árbitro abriu a contagem. Mas Popó levantou com certa tranquilidade.
Terceiro round
O assalto estava equilibrado, o primeiro minuto foi bem frio, sem nenhum grande golpe de nenhum dos lados. No fim, o mexicano cresceu, deu uma bela sequência, e terminou o round por cima.
Quarto round
Popó começou bem, conseguiu um bom direto. Na segunda metade do assalto, os dois trocaram alguns golpes, mas nada muito encaixado. Quando faltava um minuto, o mexicano foi ao chão, mas o árbitro entendeu que foi um tropeço, e não uma ação de Popó. Um cruzado de Martinez no fim encerrou o assalto.
Sexto round
A luta começou a ficar mais amarrada, com os dois lutadores mais cansados. Mais uma trocação de golpes, e Popó saiu reclamando que sofreu um golpe na nuca. No último minuto, Martinez deu uma longa sequência, deixou Popó nas cordas, mas o brasileiro aguentou as pancadas e foi salvo pelo gongo.
Sétimo round
A torcida entrou na luta e incentivou ainda mais o brasileiro. A luta estava amarrada, e Popó não conseguia colocar seus jebs. Nos últimos segundos, o mexicano atacou novamente, com uma boa sequência. Depois do gongo ter soado, Martinez deu um golpe no brasileiro, irriando a torcida. Os árbitros tiraram um ponto do mexicano.
Oitavo round
Popó deu alguns bons golpes, mas parecia exausto na luta. Martinez apresentava golpes melhores, e, ao soar o gongo, os dois se abraçaram.
A carreira de Popó
O início da carreira de Popó como amador foi aos 14 anos na Bahia. Desde então, ele já demonstrava ter um talento especial. De cara, foi campeão baiano. Depois, aos 15, levou o título de campeão Norte-Nordeste. Foi campeão brasileiro com 17. Em 1995, foi convocado para a seleção brasileira e disputou os Jogos Pan-Americanos em Mar Del Plata. De lá, saiu com uma medalha de prata. A partir daí, decidiu se dedicar ao boxe profissional.
Logo na primeira luta, venceu por nocaute aos 34s do primeiro round. Na sexta, foi campeão do Mundo Hispano pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), dando o primeiro passo rumo ao título mundial. Levou o título latino da Federação Internacional de Boxe (IBF) contra o colombiano Arcelio Diaz e, no confronto seguinte, fez sua primeira luta fora do Brasil, na Costa Rica, tendo vencido também por nocaute.
Novamente no cenário nacional, foi campeão brasileiro na categoria super-leve em 1998. Em outubro do mesmo ano, ganhou o título regional da Organização Mundial de Boxe (WBO), chamado NABO, ao desbancar José Luis Montes, do México, no 1º round. Mais uma vez, deu K.O.
Popó teve que utilizar sua habilidade de esquiva (Foto: Antenor Filho
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