Bahia

Greve do INSS chega ao 18º dia e causa prejuízos

De acordo com o órgão, até agora, das 133 unidades existentes em todo o estado da Bahia, 56% estão paralisadas

NULL
NULL

Nesta quinta-feira (23), a greve do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chega ao seu 18º dia. De acordo com o órgão, até agora, das 133 unidades existentes em todo o estado da Bahia, 56% estão paralisadas. Além disso, do total de servidores que compõem o quadro, 32.487, pouco mais de 13% aderiu a paralisação em todo o país. O problema é que tem pessoas que precisam de serviços do Instituto, como perícia, mas não tem acesso devido a situação.

A desempregada Patrícia Silvia Santana, foi até a agência do bairro de Brotas, para saber mais informações sobre a perícia do sobrinho, Rafael França, de 15 anos que, há seis, sofreu um acidente com arma de fogo após uma brincadeira com um primo, em casa, aqui na capital. Por conta dos ferimentos, precisou passar por três cirurgias e tem o braço esquerdo mais curto que o direito, o que o impede de realizar determinados movimentos.

“A perícia dele estava marcada para terça. Nós viemos aqui e os funcionários disseram que a greve tem impedido a realização das atividades. O pior é que ele precisa passar pela avaliação médica para receber o auxílio-doença”, contou Patrícia. Após entrar em contato com o funcionário da agência, teve como resposta que ligasse para tentar agendar um novo horário de atendimento e que desse entrada na documentação após o final da greve. “Vou mover céus e terra para que ele receba o auxílio o mais rápido possível e sei que isso é um direito que ele tem”, disse.

Quem também procurou a agência de Brotas e não teve sucesso foi a consultora comercial, Cinara Almeida. Aposentada por depressão e por problemas no fígado desde 2008, ela precisa tomar oito medicamentos por dia, além de fazer tratamento com dois psiquiatras. A perícia dela estava marcada para as 10h da manhã de ontem. Mesmo com uma decisão da Justiça Federal que comprova que ela não está apta para o trabalho, ela diz que o INSS, constantemente, vem bloqueando seu benefício a cada dois meses para realização de perícias.

“Ele já haviam suspendido em 2013, alegando que eu estava capacitada para o trabalho, quando na verdade eu tenho laudos médicos que comprovam que não estou. Eles passam por cima de uma ordem judicial e duvidam desses laudos. Pra mim é complicado, já que não tive remissão dos sintomas dos problemas que sofro e isso é um verdadeiro transtorno”, falou Cinara.

Em outra agência do INSS, nas Mercês, também era intenso o movimento de pessoas buscando informações sobre os serviços que foram paralisados por causa da greve. De acordo com funcionários, no local, estão sendo realizadas apenas as perícias médicas já agendadas, além de atendimentos relativos a aposentadoria e pensão. Ainda de acordo com eles, uma assembleia foi realizada ontem, em Brasília, mas as partes não chegaram a um acordo. Um novo encontro deve acontecer nesta sexta.

Enquanto isso, o aposentado Antônio Santos, não sabe mais o que fazer, já que ele foi até o local para dar entrada no pedido de reajuste de aposentadoria. Segundo ele, quando deixou trabalhar, por invalidez, em 2005, ele recebia, à época, pouco mais de dois salários mínimos. Atualmente, recebe o equivalente a apenas um. “Fica complicado, por que infelizmente quem sofre somos nós. O nosso salário já é pouco e ainda não tem aumento. É difícil viver assim”, reclamou.

Canais de informação 

A assessoria de comunicação do INSS, em Brasília, em nota, o órgão informou apenas que o posicionamento com relação ao assunto segue o expresso no comunicado enviado a toda à Imprensa no dia de deflagração da greve.

“Os segurados (as) e beneficiários (as) que não puderem ser atendidos em virtude do movimento, assim como, o número da Central de Teleatendimento do INSS, o 135, telefone em que o usuário poderá obter a informação quanto ao funcionamento das Agências da Previdência Social”, informou o comunicado. O Instituto também disse que têm baseado sua relação com os servidores no respeito, no diálogo e, por isso, mantém as portas abertas às suas entidades representativas para a construção de uma solução que contemple os interesses de todos.  

Foto: Reprodução/Tribuna da Bahia