Bahia

Especialista condena novo Centro de Convenções Municipal

“Temos, nesse projeto novo, uma possibilidade muito alta de desperdício de recurso público”, aponta Daniel Veras

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Projetado na área do antigo shopping Aeroclube Plaza, a escolha do local para implantação do Centro de Convenções Municipal, deve enfrentar a fúria da salinidade de uma das áreas mais atingidas pela “agressividade” do fenômeno na cidade, segundo o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Daniel Veras.

O projeto, anunciado nesta segunda-feira (23) pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), foi alvo de críticas pelo Pós-doutor em Ciência e Engenharia de Materiais e especialista em corrosão.

 

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Em entrevista a um site local, o coordenador do Laboratório de Ensaios em Durabilidade de Materiais (Ledma), afirmou que é um absurdo total escolher aquele lugar. "Ali, onde querem fazer, a ação do salitre é ainda mais intensa do que onde está o atual Centro de Convenções da Bahia.

Temos, nesse projeto novo, uma possibilidade muito alta de desperdício de recurso público, pois a gente bem sabe que fazem as obras e não fazem a manutenção ao longo dos anos”.

 Afirmando que, sem os devidos cuidados, pode haver um gasto gigante ao longo dos anos, o professor da Ufba estima que o prédio terá que ser interditado e passar por reparos periodicamente, nos moldes do projeto atual. "Se ficar como está, onde está, de cinco em cinco antes tem de passar por uma grande manutenção”, orientou.

INDICAÇÕES

Veras dá duas indicações à prefeitura: estabelecer um projeto de durabilidade ou mudar o local de instalação. O primeiro conselho, segundo ele, encareceria o plano em mais R$ 500 mil, mas daria vida média ao complexo de até 120 anos.

 “Esse plano de durabilidade é algo que tem que ser feito antes mesmo do projeto. Se não fizerem isso, não justifica colocar o centro ali”, ponderou, ao salientar que a duplicação de grandes portos, por todo mundo, passam por processos semelhantes. 

Nem mesmo as medidas já adotadas pela administração soteropolitana e o revestimento de concreto nas estruturas de aço, devem resistir à ação da natureza, aponta Daniel Veras. “Isso [a barreira] faz pouca diferença. O problema é aquela espécie de ‘spray’ de água que existe quando o mar arrebenta. Contra isso, não tem o que fazer”, decretou.

O projeto custará R$ 93 milhões, entre recursos municipais e do Ministério do Turismo. A obra tem previsão de ser concluída em dezembro de 2018.

Daniel Veras Ribeiro Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia (2004), mestrado (2006), Doutorado (2010) e Pós-Doutorado (2011) em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos. Além disso, concluiu o curso de especialização em Gestão Ambiental pelo Instituto Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (IBEAS) em convênio com a Universidade Federal de São Carlos (2008). Desenvolveu estágios de pós graduação na Universidade de Aveiro, no Instituto Superior Politécnico de Viana do Castelo e no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, ambos em Portugal. Atualmente ocupa o cargo de Professor Adjunto I no Departamento de Ciência e Tecnologia dos Materiais da Universidade Federal da Bahia, sendo ainda Pesquisador-colaborador do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos – CICECO, em Portugal, desde 2009. Tem experiência nas áreas de
Engenharia Civil e Engenharia de Materiais, com ênfase em matrizes cimentícias, atuando principalmente nos seguintes temas: resíduos industriais, corrosão em concreto armado e desenvolvimento de novos materiais de construção.

Fonte: Bahia.Ba

(MC)