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Advogados ligados a políticos são alvos de operação da PF em Cuiabá

Mandados de busca e apreensão são cumpridos em casas e escritórios.

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Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (27), nas casas e escritórios de dois advogados, em Cuiabá. Um deles defende deputado Gilmar Fabris (PSD), que está preso há quase duas semanas por suposta obstrução da Justiça, e outro é concunhado do parlamentar.

Ricardo Spinelli e Ocimar Carneiro de Campos, concunhado de Fabris, foram vistos com o deputado no dia da Operação Malebouge, depois dele ter deixado a casa dele às pressas, antes da chegada da PF, segundo a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a busca e apreensão. O G1 ainda não conseguiu contato com os advogados.

No início da manhã, agentes da PF estiveram no apartamento de Ocimar Carneiro, localizado no edifício Campo D'Ourique, no Bairro Santa Rosa, em Cuiabá. Ele mora no mesmo prédio que Gilmar Fabris.

Segundo a decisão do ministro Luiz Fux, do STF, dessa terça-feira (26), Spinelli teria se encontrado com Fabris em uma lanchonete depois que o deputado deixou a casa dele às pressas, de chinelo e de pijama, no dia da operação Malebolge. Fabris, de acordo com o magistrado, saiu de casa antes das 6h da manhã segurando uma pasta de mão, possivelmente contendo documentos de interesse da investigação, minutos antes da chegada dos policiais que cumpririam um mandado de busca e apreensão na casa dele.

Essa suposta fuga de Fabris motivou o ministro a pedir a prisão dele, na mesma data da operação.

Após ser preso, Fabris disse à PF que esteve nesse estabelecimento para tomar café da manhã com a mulher, a sogra, o cunhado dele, Ocimar Carneiro, e a cunhada, mas não citou o advogado. A Justiça então analisou as imagens registradas pelo circuito interno de câmeras da lanchonete e viu que, além das pessoas informadas por ele, o advogado Ricardo Spinelli também estava no local.

"Ocorre que, da análise dos registros de filmagem da câmera de vigilância instalada na parte interna do estabelecimento, percebe-se que, além dos citados familiares, havia outro indivíduo fazendo companhia a Gilmar na ocasião, indivíduo este identificado como sendo o advogado criminalista Roberto Saldanha Spinelli", diz trecho da decisão do ministro.

Em outro trecho, Luiz Fux cita que, em determinado momento, Ocimar, que também é advogado

Ocimar Carneiro de Campos, que é casado com uma irmã da mulher de Fabris, já foi denunciado por suposta participação em um esquema fraudulento que desviou R$ 418,4 milhões dos cofres públicos, de 2008 a 2010. Ocimar, Gilmar Fabris, Eder Moraes e outros 12 suspeitos de fazerem parte da quadrilha, que vigorou na Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz), foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Conforme o MPE, a quadrilha falsificava papéis de créditos públicos em lotes de cartas de crédito e "fabricava" cartas, no valor de R$ 665,2, sendo que, desse montante total, apenas R$ 153.453.715,39 foram devidamente pagos aos servidores da Sefaz.

Fonte: G1