Um parecer do Ministério Público Federal (MPF), assinado pela subprocuradora Áurea Lustosa Pierre, coloca pela primeira vez a possibilidade de o Superior Tribunal de Justiça (STJ) apreciar a isenção do juiz Sérgio Moro para atuar em processos contra os ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva.
Em parecer de pouco mais de 20 páginas, a subprocuradora relaciona os principais fatos que mostram a falta de isenção de Moro e defende que o STJ discuta o pedido de suspeição do juiz federal Sérgio Moro, feito pela defesa do ex-presidente.
Áurea questiona a imparcialidade de Moro por conta de diversas declarações do magistrado que denotariam que ele considera o ex-presidente como seu adversário. Ela chega a citar a participação de Moro em um evento da revista semanal Istoé, em que o juiz aparece em fotos ao lado de adversários declarados de Lula, como o senador Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, e o presidente Michel Temer, que articulou golpe para depor Dilma Rousseff.
A subprocuradora cita ainda maus exemplos de Moro em relação à maneira como conduz os trabalhos da Lava Jato. Entre eles, permitir que uma testemunha chamasse o ex-presidente de "lixo" durante uma audiência e ainda liberar o vídeo para a imprensa para "ampla divulgação".
Áurea resgata o fato de o juiz de Curitiba agradecer à população pelas manifestações em seu apoio relacionadas a processos contra Lula que estão sob sua jurisdição e ainda em trâmite e, mais do que isso, o fato de ter pedido apoio da opinião pública.
Em outro trecho, a subprocuradora ainda destaca: "É suspeito o juiz que faz palestras no Brasil e no exterior — eventualmente remuneradas — para tratar de assunto que está sob sua jurisdição e é objeto de ações pendentes de julgamento".
Reprodução: Rede brasil Atual