Brasil

Investigados prestigiam posse de Raquel Dodge

Temer, Maia, Eunício, Garibaldi, Jorge Viana, Helder Barbalho, Raimundo Carreiro e Perillo estavam presentes

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Na posse da investigadora, pelo menos dez investigados. E alguns deles são nomes de peso, como o presidente da República, Michel Temer (PMDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Entre as funções da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, está a de conduzir as investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que envolvem várias autoridades. 

Além dos três, que ficaram no alto junto à nova procuradora-geral, na mesa formada para a cerimônia, havia mais alguns políticos investigados no auditório da PGR, como os senadores Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Jorge Viana (PT-AC), o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB-PA), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro, e o governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Paraná, Beto Richa (PSDB).

A posse foi concorrida. Pelos cargos que ocupam, a presença de Temer, Maia e Eunício é considerada de praxe em cerimônias do tipo. Também foi assim, por exemplo, quando Rodrigo Janot, antecessor de Dodge no cargo, assumiu a função em 2013. Nesta segunda-feira, houve até mesmo discurso do presidente da República, que atacou o abuso de autoridade, numa alfinetada a Janot, que o denunciou duas vezes no STF. Diferentemente de Temer, Eunício não discursou, mas deu entrevista após a cerimônia, na qual elogiou Dodge.

— Nossa nova procuradora-geral da República disse com toda a clareza que iria fazer o que todos nós, que temos responsabilidade pelo Brasil: a harmonia entre os Poderes. Defendendo muito os Poderes. E que ninguém estava acima da lei, mas que ninguém estava também abaixo da lei. Acho que ela, hoje, disse aquilo que todos nós esperamos — disse o presidente do Senado.

Com base principalmente na delação de executivos da JBS, Temer já foi denunciado duas vezes: uma por corrupção passiva e outra por obstrução de justiça e organização criminosa. A primeira denúncia está parada porque a Câmara não deu aval para que ela prosseguisse. Além disso, há um inquérito para investigar irregularidades na edição de um decreto que regulamentou a exploração dos portos.

Maia tem dois inquéritos no STF com base na delação da Odebrecht. Em um deles, é investigado ao lado de Eunício. Eles são acusados de terem ajudado a empresa em medidas provisórias em tramitação no Congresso. O caso faz parte da Operação Lava-Jato. Eunício também tem um segundo inquérito contra ele. Jorge Viana e Helder Barbalho também são investigados em inquéritos com base na delação da Odebrecht.

Na Lava-Jato, Garibaldi já foi denunciado por Janot juntamente com outros políticos do PMDB por suspeita desvios de recursos de contratos da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras. Raimundo Carreiro é investigado num inquérito que apura irregularidades no TCU e no setor elétrico. Rosso é investigado por crimes eleitorais no Distrito Federal.

No caso de Perillo e Richa, eles são investigados não no STF, mas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Lá costuma atuar o vice-procurador-geral, cargo que passa a ser ocupado por Luciano Mariz Maia na gestão de Raquel Dodge. Ele inclusive já conversou com ministros do STJ e demonstrou interesse de dar mais atenção aos processos penais em curso no tribunal. O STJ deverá ter mais trabalho agora, uma vez que o STF derrubou a exigência que havia de precisar de autorização da Assembleia Legislativa local para processar um governador.

Reprodução: O Globo