Polícia

Homofobia: jovem de 18 anos é agredido ao sair de bar na Pituba

"Nunca vou esquecer essa humilhação", disse Josemário, agredido no último domingo (12).

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 src="As marcas no meu rosto vão sair, cicatrizar, mas a dor e a humilhação nunca vão desaparecer da minha memória". Esse é o sentimento de Josemário da Conceição Filho, um jovem de 18 anos que foi agredido verbal e fisicamente por cinco homens, na madrugada do último domingo (12).

Josemário foi espancado ao sair do De Passagem Botequim, localizado na avenida Otávio Mangabeira, no bairro da Pituba. Segundo informações da própria vítima, o que aconteceu foi um "ato de simples crueldade e homofobia".

Em conversa com o Correio24Horas, o jovem contou que saiu do local com duas amigas e foi ao posto Shell, que fica ao lado do bar, para tentar encontrar um táxi e ir embora.

Enquanto ele e uma amiga esperavam o veículo, cinco homens se aproximaram da outra garota e começaram a conversar com ela. A situação teria sido bastante comum, se não pelos ataques racistas e homofóbicos que estavam por vir.

Quando o táxi finalmente apareceu, Josemário foi chamar a amiga para ir embora. Nesse momento, um dos homens o encarou e de forma meio ríspida perguntou: "Qual foi?". O jovem até pensou que fosse alguma pessoa conhecida e que aquele tom sério não passava de uma brincadeira. Então, de forma descontraída, respondeu: "Qual foi o que?".

Essas palavras seriam suficientes para dar início a uma das piores noites de Josemário. Ao ouvir a resposta do jovem, o homem se irritou e começou a xingar ele. "Vou te quebrar todo no pau seu neguinho. Vou quebrar esse viado no pau". "Ele começou a gritar isso e partiu para cima de mim. Minhas amigas pediram para ele parar, mas não adiantou", disse o jovem.

O homem começou a bater em Josemário, que caiu no chão. Os outros amigos também foram ajudar o agressor e desferiram chutes e socos no jovem. Em meio a confusão, as amigas pediam para os cinco pararem. "'Pare de bater nele. Porque estão batendo nele?'. Elas gritavam e eles não ouviam", relembra Josemário.

 src=A vítima disse que a agressão só chegou ao fim quando uma das jovens rasgou a camisa de um deles. "Ele segurou ela e quase bateu nela também. Ela começou a gritar perguntando se ele ia bater nela, que eles tinham que parar".

Algumas testemunhas conseguiram ajudar o jovem e tiraram ele do chão. Os cinco suspeitos entraram no carro em que estavam, um Gol cinza, e fugiram do local. "Eles entraram no carro e saíram, mas ainda esperaram um pouco. Ficaram perto do posto, olhando e dando risada", disse o jovem.

 

 

 

Abalado
Extremamente ferido e psicologicamente abalado, Josemário foi para casa. No domingo, o jovem foi à 16ª Delegacia de Polícia, no bairro da Pituba, e prestou queixa. Na terça-feira (14), ele passou por um exame de corpo de delito.

As consequências de uma das piores situações da vida do jovem não foram só psicológicas e físicas. O jovem teve que sair do emprego, que havia conseguido há pouco tempo. "Eu estava em período de experiência e agora não posso ir mais. Meu rosto está deformado, tenho vergonha de sair de casa e passar por esse constrangimento. São os vizinhos olhando, pessoas na rua", lamenta.

Investigação
O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, afirmou que o caso foi informado ao Comitê LGBT, que pertence à Secretaria Municipal de Reparação (Semur).

Vida Bruno, historiador e ativista do Comitê, afirmou que a ocorrência foi registrada e imagens de câmeras de segurança do posto e dos edifícios próximos estão sendo requisitadas na tentativa de identificar os suspeitos. 

"As imagens vão poder ajudar a encontrar esses agressores. Estamos tomando as medidas legais. Além disso, queremos também registrar e expor esse crime homofóbico, que tem traços de racismo", explicou.

O ativista afirmou também que o Ministério Público será acionado, para que tomem possíveis providências e, caso seja necessário, abram uma investigação para apurar o caso. A imprensa não conseguiu entrar em contato com Nilton Tormes, delegado titular da 16ª DP.

"Queremos a ajuda do Ministério Público pois esse não é um caso isolado. Devemos lutar contra a intolerância e precisamos de mais policiamento e segurança nas ruas", disse Vida Bruno.

Foto: Reprodução/Correio24h