Confiante de que a reviravolta com a possível anulação da delação da JBS enfraqueceu uma eventual segunda denúncia, o presidente Michel Temer se reuniu no feriado de 7 de setembro com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e ministros que estavam em Brasília para confraternizar. Após participar do desfile cívico na Esplanada dos Ministérios, Temer foi a almoço na residência oficial de Maia, do qual também participaram os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Helder Barbalho (Integração Nacional), este último convidado de última hora.
O encontro foi regado a rabada e dobradinha, cardápio trazido pelo deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI), único parlamentar presente, além de Maia e Eunício. Temer passou mais de três horas no local: chegou pouco depois das 14 horas e só deixou a casa do presidente da Câmara por volta das 17h50. Os ministros juram que não discutiram temas polêmicos, como a investigação aberta pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, para apurar irregularidades e possíveis omissões no acordo de delação premiada dos executivos da JBS. “Foi um encontro social que havíamos programado domingo passado”, disse Imbassahy.
O ministro fez questão de ressaltar, porém, que Temer está tranquilo em relação a uma eventual segunda denúncia apresentada pela PGR. “Continua muito tranquilo, preparado para qualquer tipo de especulação, de colocação que venha, como foi na primeira vez, e confiante que isso não vai prosperar, até porque a verdade sempre vai prevalecer”, declarou. Imbassahy afirmou ainda que “todos estão estarrecidos com os últimos acontecimentos envolvendo essa dupla já conhecida pelo Brasil”. Ele se referia aos delatores da JBS, Joesley Batista, dono da JBS, e Ricardo Saud, ex-diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, que controla o frigorífico. Na última segunda-feira, 4, Janot determinou a abertura de investigação para apurar suposta irregularidade na delação dos executivos.
A decisão foi tomada com base em áudio de conversa entre Joesley e Saud entregue à PGR e que revelaria o que Janot chamou de indícios de “crimes gravíssimos”. Imbassahy disse que, no almoço, também não se falou sobre as malas com R$ 51 milhões do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) encontradas em um apartamento em Salvador e o depoimento do ex-ministro dos governos do PT Antonio Palocci, no qual o petista incriminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Estadão