A Petrobras elevará os preços do diesel em 0,8% e os da gasolina em 4,2% nas refinarias a partir desta sexta-feira (1), de acordo com comunicado divulgado pela estatal em seu site nesta quinta-feira (31). A alta de 4,2% da gasolina é o maior reajuste concedido desde a implementação da nova política de preços pela companhia, há dois meses, e também a maior desde dezembro de 2016. A correção ocorre após a disparada nas cotações internacionais do produto por causa da tempestade Harvey nos Estados Unidos. Na quarta-feira, a consultoria Datagro havia informado à Reuters que a gasolina comercializada pela Petrobras nas refinarias apresentava defasagem de mais de 7% ante os preços internacionais.
No fim de junho, a Petrobras revisou sua política de preços do diesel e da gasolina, dando certa liberdade para que a área de marketing e comercialização da empresa reajuste as cotações na refinaria de forma mais frequente, inclusive diariamente. A ideia é que os preços domésticos não fiquem aquém das observadas no exterior. O objetivo é buscar maior competitividade e recuperar receita e participação de mercado – devido ao aumento das importações de combustíveis, distribuidoras concorrentes vêm ganhando mercado da estatal.
Em nota divulgada na quarta-feira, a Petrobras informou "que os ajustes promovidos têm sido suficientes para garantir a aderência dos preços praticados pela companhia às volatilidades dos mercados de derivados e ao câmbio".
A alta anunciada nesta quinta-feira (31), a maior desde os 8,1% de 5 de dezembro de 2016, contudo, tende a ter influência limitada sobre os preços do etanol, pelo menos por ora, segundo analistas ouvidos pela Reuters.
"Por enquanto me parece que os preços do etanol não estão reagindo a isso. Desde o início, os reajustes da Petrobras tendem a se neutralizar, com alta em um dia e queda no outro. Pode mexer só se essas altas fortes acontecerem durante vários dias", comentou Eduardo Sia, da trading Sucden.
Para ele, o álcool vem ganhando competitividade mais por uma questão de "contexto de mercado", com os preços do açúcar em baixa, do que isoladamente pelos reajustes da Petrobras.
"A remuneração do etanol já tem estado mais favorável nas últimas semanas em alguns Estados."
Com efeito, na primeira metade de agosto o etanol mostrou certa atratividade para as usinas do centro-sul do Brasil, que direcionaram a maior parcela de cana para a fabricação do biocombustível em quatro quinzenas, segundo dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
A Raízen Energia, joint venture entre Cosan e Shell, por exemplo, informou no início do mês que já via o biocombustível dando "melhores retornos", enquanto a Biosev anunciou mais cedo nesta semana estar alterando seu mix para favorecer o etanol.
Conforme o sócio-diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, a alta da gasolina anunciada nesta quinta-feira tende mesmo a ter uma influência limitada no curto prazo sobre o álcool, mas é algo que deve ser comemorado.
"Pela lógica, a Petrobras tinha de aumentar o preço da gasolina, e isso é um resultado positivo da mudança. Há uma tendência de se beneficiar o produtor (de etanol) com essa política", disse.
Também presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Corrêa Carvalho avalia que a nova política da Petrobras traz previsibilidade ao mercado, ao contrário dos congelamentos de preços que vigoraram em anos anteriores e que impuseram perdas bilionárias às usinas e à própria Petrobras.
Reprodução: G1 – Economia