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PF prende duas pessoas em flagrante acusadas de esconder provas em busca e apreensão no escritório do Riocard

Sistema seria usado para desviar dinheiro, dizem investigações.

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PF e MPF realizam operação na sede do Riocard, no Centro do Rio. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

A Polícia Federal prendeu duas pessoas em flagrante que estariam tentando esconder provas no escritório do Riocard, no Centro do Rio. Um diretor administrativo e um funcionário foram detidos por esconder a CPU de um computador. A PF e o Ministério Público Federal cumprem mandados de busca e apreensão, na manhã desta sexta-feira (25). As buscas têm como objetivo recolher documentos e planilhas da bilhetagem eletrônica nos ônibus que circulam na cidade.

A suspeita é que a Fetranspor, a Rio Par e a Riocard usariam o controle que possuem do sistema de arrecadação do bilhete eletrônico para desviar dinheiro para propina. Paulo Marcelo T Ferreira, o diretor da entidade que foi preso, teria pedido para um empregado tirar a máquina dele e colocar em um lugar escondido. Ele queria colocar uma máquina reserva no lugar.

Em nota, a Fetranspor afirmou que está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários à investigação e que esta é a orientação para todos os funcionários da entidade e que qualquer conduta fora desse padrão será investigada internamente, para que as devidas providências sejam tomadas

A ação faz parte da Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato no Rio. Em julho, 10 pessoas foram presas por suspeita de integrar um esquema de corrupção milionário. Segundo as investigações, pessoas ligadas à cúpula do setor de transportes do RJ, com a participação de empresas e políticos do estado, teriam movimentado R$ 260 milhões em propina.

Entre os presos estavam empresário Jacob Barata Filho, o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do RJ (Fetranspor) Lélis Teixeira, e o ex-presidente do Detro Rogério Onofre. O trio e David Augusto Câmara Sampaio e Marcio Marques Pereira de Miranda, que também foram presos na Operação Ponto Final, foram soltos após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

De acordo com o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, a busca e apreensão nos endereços é importante para a continuidade das investigações sobre a prática de diversos crimes no sistema de transporte, tal qual uma organização criminosa, relacionados com o Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo as investigações, a Fetranspor utilizaria do controle sobre os dados de bilhetagem eletrônica no Estado do Rio de Janeiro para gerenciar a arrecadação de dinheiro nas empresas de ônibus e o repasse de propina aos agentes públicos.

A verba vinda da bilhetagem eletrônica está sob investigação do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE), já que a Fetranspor se recusou a prestar contas sobre o dinheiro.

O esquema de fraudes na bilhetagem nos ônibus serviria para alimentar uma forma de caixa 2, usado no pagamento de vantagens indevidas aos agentes públicos, com o objetivo de manter privilégios no setor.

Segundo depoimento do diretor financeiro da Fetranspor, André Nolte, ao Ministério Pùblico Federal, o dinheiro vindo da bilhetagem eletrônica é gerido de maneira centralizada pela Fetranspor, que posteriormente ressarce às empresas. De acordo com ele, a movimentação financeira do Riocard é de cerca de R$ 6 bilhões por ano.

Reprodução/G1