Em dez anos, acidentes envolvendo transportes aquáticos deixaram 981 mortos no país, segundo dados do Ministério da Saúde para o período entre 2006 e 2015. Cerca de um terço das mortes ocorreu no Amazonas, que lidera a estatística com 312 vítimas, seguido pelo Pará, com 146. Na última terça-feira, o naufrágio de um barco clandestino no Rio Xingu, no Pará, matou ao menos 21 pessoas. Nesta quinta, um novo naufrágio, dessa vez na Bahia, deixou 18 mortos, segundo informações disponíveis até a publicação desta reportagem. Os dados do Ministério da Saúde mostram que Bahia e Pará tiveram 177 mortes decorrentes de acidentes com embarcações entre 2006 e 2015. Não há registros nacionais disponíveis para 2016 e 2017. Ou seja, os naufrágios desta semana não estão contabilizados.
O cálculo a partir da base de dados do governo federal leva em consideração três categoriais internacionais para registrar as mortes — por afogamento, por trauma ou por causa não identificada, todas decorrentes de acidentes com embarcações. O afogamento corresponde a 77% das mortes, e os traumas, 15%.
O levantamento desconsiderou outras categorias referente a mortes a bordo de transportes aquáticos, mas que não tiveram registros de acidentes com as embarcações. Caso estes registros fossem considerados, o número de mortes aumentaria para 1.289. As estatísticas mostram ainda que 79% das vítimas nos dez anos eram homens e 72% tinham idade economicamente ativa, entre 15 e 65 anos. No entanto, apenas 9% das mortes foi classificada como acidente de trabalho. O pior ano da série histórica foi 2008, quando 156 mortes foram registradas — 89 no Amazonas. Naquele ano, o estado teve dois naufrágios de proporções semelhantes aos acidentes desta semana, no Pará e na Bahia. Em fevereiro de 2008, o barco Almirante Monteiro afundou no Rio Amazonas, em Itacoatiara, a 260km de Manaus, e deixou 16 mortos. Três meses depois, outras 48 pessoas morreram quando a embarcação Comandante Sales naufragou no Rio Solimões em Manacapuru, a 100km da capital amazonense.
Reprodução: O Globo