O Terreiro Ilê Axé Alabaxé, em Maragojipe, no Recôncavo baiano, vai sediar às 11h desta sexta-feira (4), uma discussão sobre a Salvaguarda de Terreiros de Candomblé no município, com a participação de equipe de especialistas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), unidade da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), que coordena a política de proteção aos bens culturais baianos materiais ou imateriais.
“O Ipac é referência no Brasil por ter sido o primeiro ente público do País a propor uma proteção diferenciada para terreiros de candomblé com a criação do Registro Especial”, afirma o diretor geral do instituto, João Carlos de Oliveira, que também estará no encontro.
O dirigente estadual destaca que a ação foi inédita e busca contemplar as celebrações, eventos, saberes, modos de fazer, expressões lúdicas e turísticas. “Isso inclui também os espaços destinados às práticas coletivas, como os terreiros de candomblé”. Ele enfatiza que, ao receber tombamento ou registro, o bem cultural tem prioridade nas linhas de apoio financeiro, sejam elas municipais, estaduais, federais ou até internacionais.
No turno da tarde, a partir das 14h, o Ipac fará audiência pública na Fundação Vovó do Mangue, localizada na Praça Conselheiro Rebouças, para discutir e atender demandas do município. Segundo uma das organizadoras do evento, Rutiléia Campos, um dos temas da audiência será a cultura e o turismo como vetores de desenvolvimento. “Também faremos o pedido de estudos que podem subsidiar a patrimonialização da Festa de São Bartolomeu”.
O diretor de Preservação do Patrimônio do Ipac, Roberto Pellegrino, integrante da equipe do órgão no evento, destaca a reavaliação do Carnaval de Maragojipe. “Trata-se de obediência legal”. Segundo ele, a Lei estadual nº 8.895/2003 (regulamentada Dec.nº1039/2006) determina no Capítulo V, no Artigo 41, que os Bens Intangíveis protegidos pelo Registro Especial sejam documentados de cinco em cinco anos. “Para o título ser renovado, é necessário verificar se a manifestação mantém as características singulares que a fizeram um Patrimônio Imaterial da Bahia”, explica Pellegrino. Assim, no Carnaval de 2018, técnicos do Ipac farão novo levantamento da festa.
O Terreiro Ilê Axé Alabaxé é tombado pelo Ipac desde 2005, por meio do decreto nº 9.744/05. Localizado a 158 quilômetros de Salvador, Maragojipe é um dos expoentes culturais do Recôncavo. Com 450 quilômetros quadrados, detém edificações do início do século 20 e bens culturais intangíveis como as tradições afro-brasileiras e indígenas ainda vivas em terreiros de candomblé, nas músicas, culinária local e no rico artesanato em cerâmica, entre outras referências de usos e costumes.
Fonte: Ascom/Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac)