O governador Rui Costa disparou um vídeo nas redes sociais para reafirmar a sua posição ante o momento em que o Brasil vive, especialmente a votação pela Câmara, após o que, conversou conosco.
Ele diz que sempre foi a favor de eleições diretas, que os políticos deixem o desapego por cargos e chamem o povo para opinar:
– Eu toparia renunciar e me submeter ao crivo do voto. Isso é normal na Europa. Quando há crise, o rei, como no caso da Espanha, o presidente ou o próprio primeiro-ministro convoca novas eleições. Aqui é que é essa celeuma. Só assim o Brasil retomaria a credibilidade para atrair investidores.
Rui diz que ainda com Dilma no poder sugeriu a ela que mandasse uma PEC convocando novas eleições:
– Ela entendeu que daria uma prova de fraqueza. O problema aqui no Brasil é que ninguém gosta de ouvir o povo. E agora não resolveremos o problema tirando um investigado para botar outro.
Liberação geral
Na reunião que fez com deputados e senadores aliados anteontem para definir a estratégia a ser adotada na votação de hoje a palavra de ordem foi dada: todo mundo liberado para votar como quiser.
Rui Costa diz que queria eleição direta já e ponto. Como não deu, prefere Temer. Até porque credita a um pedido de ACM Neto para Rodrigo Maia o fato de Temer ter travado o empréstimo de US$ 200 milhões para a Bahia. Ou seja, Temer cair é turbinar ACM Neto.
Barrado no baile
O deputado João Gualberto tirava sarro ontem com o fato de Robinson Almeida (PT) ter espalhado outdoors pelas redes sociais dizendo que ia votar contra Temer e na hora H foi rifado.
– Cadê o voto dele?
Robinson é suplente, assim como Davidson Magalhães (PCdoB), outro contra Temer. Os titulares, Josias Gomes (PT), que é secretário de Relações Institucionais, reassumiu dizendo que vai votar com Temer:
– Não interessa trocar um sujo por outro.
Ou seja, não interessa tirar Temer para entregar o poder a Rodrigo Maia.
Por que o povo não protesta?
Se Michel Temer tem mais de 90% de reprovação, por que não se vê manifestações de rua capazes de tirá-lo do poder? Com a palavra Paulo Fábio, cientista político:
– Porque nós temos um governo com altíssima rejeição, mas a oposição também não tem credibilidade. Não se vislumbra um cenário de melhora, não há perspectiva.
Segundo ele, a sociedade não está a fim de ditadura militar, de juízes, de alguém do mercado e nem dos oposicionistas. E raciocina que enquanto o governo dá sinais de que a economia pode melhorar, deixa.
Paulo Fábio ressalva que os institutos de pesquisas formulam as questões pela metade.
– Perguntam, por exemplo, o que você acha de Temer? E dá uma rejeição estratósferica. Mas se houvesse a pergunta: Você quer tirar Temer para botar fulano? O resultado seria outro, bem diferente.
Reprodução/Bahia.ba